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O profissional de comércio exterior e os desafios para a economia brasileira

em Artigos
terça-feira, 27 de novembro de 2018

Arnaldo Francisco Cardoso (*)

Em outubro, o saldo da Balança Comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,121 bilhões, sendo o melhor resultado para o mês desde 1989.

No acumulado do ano, o país já conta com superávit de US$ 47,721 bilhões. É importante também destacar que as importações do país cresceram 20,6% em relação a igual período do ano anterior, com significativo aumento das importações de bens de capital. O Banco Central do Brasil estima que em 2018 as exportações do país totalizarão US$ 231 bilhões e as importações US$ 175,7, resultando em superávit de US$ 55,3 bilhões.

Informações como estas e muitas outras são diariamente atualizadas e disponibilizadas através de canais digitais (internet) por órgãos governamentais e não-governamentais, especialmente dirigidas aos diversos profissionais que atuam na área de comércio exterior, constituída por uma extensa gama de empresas como indústrias, tradings, representações comerciais, empresas de transportes, bancos, entre outras, que realizam transações comerciais com mercados estrangeiros.

E qual é a importância destas informações? – Todos sabemos que, em função dos extraordinários avanços tecnológicos alcançados pela humanidade nas últimas décadas, com destaque para as novas tecnologias de informação e conhecimento, vivemos um tempo marcado pela abundância de informações e pela democratização no acesso a elas. No Brasil, já temos mais aparelhos celulares (smartphones) que pessoas e o acesso à internet por banda larga é cada vez mais abrangente. Entretanto, ainda temos um grande desafio a superar que é o da educação e, mais especificamente, o da capacitação profissional.

Uma boa formação profissional requer cada vez mais a capacidade de interpretar dados e informações. Mas como saber encontrar e selecionar, num mundo de informações, aquelas que são realmente importantes para a realização de uma determinada tarefa? E como interpretar os inúmeros dados resultantes de uma simples pesquisa num aplicativo de buscas na internet?

Alguns estudiosos estão afirmando que precisamos de uma nova “alfabetização científico-tecnológica” que nos habilite a interpretar criticamente dados, analisando-os e se apropriando adequadamente das melhores informações. Para o profissional de comércio exterior, um exemplo disso são as pesquisas sobre novos mercados que são ferramentas importantes para a prospecção de novos clientes e realização de negócios.

É fundamental conhecer o que outros mercados demandam. O que eles não produzem e nós sim. Quem são nossos principais competidores? Quais são nossas vantagens comparativas? O Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, mas ocupa apenas a 27ª posição no ranking de comércio exterior da OMC (Organização Mundial do Comércio), com participação de 1,2% do comércio mundial. Ela poderia ser bem maior!

É consensual entre CEO´s, diretores e demais profissionais tomadores de decisão na área de comércio exterior a afirmação de que um diferencial importante para o ingresso de jovens na área é a curiosidade e a capacidade de interpretar dados, transformando-os em oportunidades de negócios. Cursos voltados à formação em comércio exterior são percebidos cada vez mais como fundamentais para a capacitação de profissionais que assim poderão contribuir efetivamente para a melhora do desempenho do comércio brasileiro.

Os melhores cursos de Comércio Exterior reúnem uma série de disciplinas que articulam e estimulam conhecimentos teóricos e práticos, voltados para a resolução de problemas e identificação de oportunidades de negócios no mundo. A compreensão da realidade internacional é necessária num mundo em que as economias estão cada vez mais globalizadas e interdependentes, e onde as culturas preservam suas especificidades.

São inúmeras as oportunidades para a expansão da participação do Brasil no comércio mundial. A sinergia entre empresas, governo, instituições de ensino e sociedade será cada vez melhor e eficiente se o desafio da educação e capacitação profissional for encarado como ação estratégica.

Aos jovens, está posto o desafio de aproveitar de forma inteligente e responsável este tempo marcado pelo extraordinário avanço tecnológico e democratização do acesso à informação, dando o verdadeiro sentido para o que chamamos, hoje, de Era do Conhecimento.

(*) – É pesquisador e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Alphaville. Atua nas áreas de comércio exterior e relações internacionais.