Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Com base no livro 3000 Dias no Bunker: um Plano na cabeça e um país na mão, de Guilherme Fiúza, o filme Real, o plano por traz da história faz uma excursão pela montagem do Plano Real no ano de 1994.
Se de um lado a inflação galopante mataria o país caso esta não fosse estancada, de outro, a persistência em manter o Real valorizado aleijou a indústria dando chance ao PT para ocupar o espaço do poder em Brasília. Como estaria o Brasil se não tivesse persistido na rigidez cambial e juros elevados?
Talvez o país tivesse quebrado e adotado políticas econômicas adequadas àquelas condições. Talvez a indústria tivesse evoluído, gerando bons empregos e Lula não teria tido a oportunidade que surgiu com a bagunça econômica que se criou após a impossibilidade de continuar mantendo o Real valorizado. Todos os países que se apegaram à âncora cambial se deram mal porque o fluxo de dólares depende principalmente de exportações e financiamentos.
Como consequência dos desmandos, o Brasil, com 14 milhões sem emprego, está retornando à condição de exportador de bananas. A roupa suja atirada no colo dos brasileiros pelos irmãos Batista, expondo manobras corruptas envolvendo o presidente Temer, já deu uma esfriada na queda dos juros, que no Brasil vem sangrando há décadas.
Antes do Plano Real a taxa Selic era um assombro: mais de mil por cento; depois ficou próxima a 30%, com taxa de dólar fixa. Será que isso foi decorrente das engrenagens das finanças globais que impunham sua força no financiamento para que os países não quebrassem?
A falta de reconhecimento da interdependência entre os povos para um relacionamento equilibrado, e o comportamento desenfreado das cobiças tem arrastado a civilização para o descalabro. Raramente os gestores públicos se preocuparam com o equilíbrio das contas internas e externas. Com displicência, permitiram a sangria da verba pública.
As transações corruptas vão de juros, swaps cambiais, controle das estatais, benefícios especiais, obras superfaturadas, privatizações pouco idôneas, que ao contrário, requerem um rígido controle da lisura na idoneidade na transferência dos patrimônios públicos. O Estado jamais deveria se envolver na atividade econômica, pois sua interferência tende para relações espúrias.
Sua tarefa deveria ser zelar pela ordem e progresso dos povos, defendendo os interesses da qualidade de vida de sua população, mantendo o equilíbrio nas contas e a autonomia. Mas com o advento do capitalismo de Estado, as coisas estão mudando aceleradamente sem que saibamos onde isso vai dar.
A economia deveria prover os recursos necessários para a subsistência e progresso das populações, mas para isso é indispensável que haja liberdade e responsabilidade. O sistema se desequilibrou devido à busca da maximização dos resultados financeiros. O progresso material e cultural dos indivíduos foi estagnando. O voto é livre, mas a escolha é embaraçada pela falta de preparo dos eleitores e dos eleitos. O dinheiro acumulado gerou poder.
O capitalismo de Estado, sem democracia, obteve significativo aumento na produtividade e se ajustou às leis da acumulação exportando, gerando protestos nas regiões onde o número de postos de trabalho sofreu redução. E agora, qual será o rumo que o capitalismo do livre mercado vai seguir?
O rumo certo tem de ser alcançado através da boa educação e bom preparo para a vida. É preciso educar as novas gerações para que se tornem fortes e independentes e, dessa forma, possam causar impactos positivos. Os jovens são dotados de capacidades especiais, mas precisam ser motivados para quedesenvolvam seu potencial de forma positiva e adequada, contribuindo para a construção de um mundo mais humano.
(*) – É articulista, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor dos livros: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; e Desenvolvimento Humano, entre outros([email protected]).