Paulo Eduardo de Barros Fonseca (*)
No chamado mundo globalizado que diminui as distâncias entre as pessoas e, dentre outros aspectos, promove a conexão de fatores relacionados à economia, política e cultura, inúmeros são os desafios que devem e precisam ser equacionados.
Interesses que nem sempre são claros instigam um movimento crescente que gera muita turbulência. Em todos seguimentos da sociedade global o que se busca é o resultado imediato. Com isso, toda forma de intolerância e violência tornou-se habitual. Apesar de toda tecnologia e modernidade disponibilizada a triste constatação é que o mundo vive uma ordem social que fomenta o individualismo, o egoísmo e o materialismo.
A ciência comprova essa afirmação quando nos diz que a depressão, que acomete pessoas de qualquer idade, ou seja, desde a criança até o idoso, está se tornando a doença do século. É o chamado o mal da vida moderna. A depressão pode ser caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas como tristeza, queda de energia, alterações no apetite, sono e desejos sexuais, choro fácil etc. Enfim, num processo lento a pessoa se desarmoniza e se interioriza porque o convívio em sociedade não supre suas necessidades mais elementares e básicas.
O planeta, como um corpo vivo, também tem dado inúmeros sinais de instabilidade. A humanidade trata essas vidências – como catástrofes – com certo desdém, mas os sinais precisam ser entendidos, pois é preciso quebrar a frenesi das ilusões e obrigações que nos prendem à matéria e que, por exemplo, nos impede de olhar para o céu, de ouvir e ser embalado pelo som dos pássaros, de colher uma fruta na árvore, de respirar o ar da montanha, desfrutar de momentos com a família e com os amigos.
A humanidade não está bem … Somos todos muito ocupados … Mas sempre nos é dada a oportunidade de refletir e recomeçar.
O planeta está em suspensão … um ser mínimo, um vírus quase invisível teve o poder de interromper toda agitação do planeta, propiciando que todos se recolham em família. Esse vírus, ao invés de um inimigo, é um amigo que nos dá a grande oportunidade de fazermos uma autocrítica para reconhecermos nossos defeitos, sobre quem somos e como estamos usando a oportunidade da vida.
Vivemos o início de uma era de mudança e podemos ser partícipes da necessária alteração da estrutura social que fomenta o egoísmo para que os verdadeiros princípios democráticos do mundo ganhem força e, independentemente de qualquer diferença da matéria, todos os homens sejam respeitados como iguais com a aplicação da lei do amor ao próximo. Essa participação deve ser livre do jugo da matéria, consciente, imparcial e responsável porque se relaciona com a noção de bem comum, ou seja, para toda coletividade.
Ser partícipe desse processo é vencer os próprios impulsos do egoísmo pelo da fraternidade, contribuindo de modo efetivo para a transformação moral do planeta e, como consequência, para sua evolução espiritual. Como, “às vezes é necessário que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas” (Allan Kardec) esta é a oportunidade de sermos agentes ativos para que bem comum seja o fator mais importante em qualquer resolução e, desse modo, na construção de um mais mundo justo e perfeito.
Pela reforma íntima, façamos a revolução do amor, enquanto aquela que transforma o ser que tem tendência para o egoísmo em um ser educado para a paz, mesmo porque “Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não o fazer.” (Martin Luther King).
(*) – É vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa.