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Moedas estrangeiras valorizadas e contratações aumentando no exterior

em Artigos
segunda-feira, 05 de fevereiro de 2024

José Roberto Araújo Filho (*)

O mercado de trabalho em um país está suscetível a uma série de acontecimentos, afinal, ele pode passar por variações positivas ou negativas a depender da situação econômica vigente, dos elementos trabalhistas e fiscais, e até mesmo do impacto que a tecnologia vem causando no mundo.

Este último fator, inclusive, reflete bastante nas mudanças pelas quais diversos países passam em relação às questões trabalhistas. A tecnologia atualmente permite que trabalhadores das mais distintas áreas prestem serviço para companhias do exterior morando no Brasil, por exemplo, coisa incomum até pouco tempo atrás.

De acordo com uma pesquisa recente da Husky, plataforma de transferências internacionais, o número de profissionais que vivem no país e trabalham para o exterior aumentou 491% entre 2020 e 2022. Especialistas no tema avaliam que alguns dos principais motivos para esse crescimento são a alta demanda aliada à falta de mão de obra no exterior, especialmente para cargos de tecnologia, além da atratividade salarial que as companhias estrangeiras oferecem aos trabalhadores brasileiros.

A valorização de moedas internacionais, como o Dólar e o Euro em relação ao Real, atraem funcionários que conseguem cumprir as demandas das empresas estrangeiras e projetam ter mais vencimentos pelo serviço prestado. A cotação do Dólar Americano para o Real em 31 de outubro deste ano, por exemplo, estava em 5,05, ao passo que o Euro em relação à moeda brasileira era de 5,34 na mesma data.

A possibilidade que muitos brasileiros enxergam em ter um salário maior trabalhando para companhias do exterior faz com que 75% dos trabalhadores de TI estejam dispostos a deixar o mercado nacional para ganhar em dólar, como mostra um levantamento recente realizado pela companhia Icon Talent.

O movimento de prestação de serviço de cada vez mais brasileiros para o exterior, portanto, é uma realidade no mercado atual. E o déficit de trabalhadores especializados e o desenvolvimento do modelo remoto de trabalho são razões que ajudam a explicar essa tendência altamente relevante em nações da Europa, Ásia, e nos Estados Unidos.

A localização geográfica do Brasil em relação ao fuso horário europeu e da América do Norte também é um potencializador da atratividade para quem almeja prestar serviços para fora do país. Soma-se a isso a possibilidade de aprendizado e desenvolvimento que companhias estrangeiras costumam oferecer, bem como a aquisição de experiência internacional e a possibilidade da construção de uma rede de contatos global.

Não menos importante, empresas de fora frequentemente têm culturas de trabalho mais diversas, fazendo com que mais pessoas — das mais distintas origens e etnias — consigam ter acesso a mais cargos e oportunidades. O aumento no número de profissionais brasileiros trabalhando para companhias do exterior também passa pelo crescimento de soluções digitais desenvolvidas para ajudar as empresas estrangeiras na contratação e organização dos funcionários remotos.

Afinal, mesmo que um serviço seja prestado para o exterior, é necessário estar em dia com questões trabalhistas e tributárias. O ciclo atual de empregabilidade é amplo e tende a continuar crescendo, muito graças à tecnologia.

(*) – É CEO e Fundador da Wide Brazil People, solução que auxilia companhias a empregar e gerenciar funcionários no Brasil (https://widebrazilpeople.com).