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Mercado de TI e o colapso da mão de obra no Brasil

em Artigos
quarta-feira, 08 de abril de 2020

Rafael Dal Molin (*)

Já não é mais novidade que os profissionais de Tecnologia da Informação estão se tornando cada vez mais escassos no país.

Se por um lado temos excelentes empresas nacionais produzindo produtos e serviços inovadores e capazes de competir com concorrentes estrangeiros, por outro, a falta de mão de obra capacitada acaba por frear ou limitar uma expansão, visto que centros como Estados Unidos, Alemanha, Suécia e Polônia, sedes de grandes multinacionais, contam com especialistas oriundos de todas as partes do mundo.

Segundo um mapeamento sobre tendências de mercado realizado pela consultoria IDC Brasil, o setor de TI no país é o sétimo maior do mundo e deve seguir com alta de 5,8% em 2020.

Ao mesmo tempo, o estudo “Achados e Recomendações para Formação Educacional e Empregabilidade em TIC”, da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), aponta que a demanda anual por novos talentos projetada entre 2019 e 2024 está em 70 mil profissionais. No entanto, apenas 46 mil pessoas se formam ao ano no Ensino Superior.

Em regiões como o norte do Rio Grande do Sul as coisas são ainda mais complicadas. A Elevor – startup que desenvolve softwares de gestão para os mais variados setores – conta hoje com 60 colaboradores e sente falta de um maior número de profissionais qualificados disponíveis no mercado. Isso nos obriga a ter criatividade na condução dos projetos para que não ocorram atrasos prejudiciais à empresa em termos de expansão.

A meu ver, a área de Tecnologia da Informação é relativamente nova e somente nos últimos anos é que assumiu um papel de protagonismo. Se antes um profissional de TI atuava apenas em questões técnicas, agora está cada vez mais presente na participação de tomadas de decisões estratégicas da companhia. Outro ponto importante é que devido à essa relevância que o profissional de TI se inseriu, as empresas buscam pessoas com conhecimento e competência para terem autonomia nas decisões e caminharem com as próprias pernas.

Considerando que todos os negócios precisam de profissionais de TI e que a profissão vai na contramão dos altos índices de desemprego no país, o jovem acadêmico tem um futuro altamente promissor. Aconselharia aos estudantes para definirem a sua área de interesse e onde desejam atuar antes mesmo de entrarem na faculdade, lembrando que é uma área ampla, ou seja: ter foco é fundamental para adquirir o conhecimento necessário para uma boa atuação no mercado.

Um ponto positivo foi a recente mudança na legislação trabalhista, que possibilitou maior flexibilidade em certos aspectos. Na Elevor, temos trabalhado com uma geração mais nova, com liberdade de horário, home office e bonificação por resultado que até então era impossível com a CLT. A carência de profissionais é uma realidade, mas estamos nos adaptando para o que vem pela frente.

(*) – É mestre em Computação Aplicada e Ciência da Computação na Universidade de Passo Fundo e é Diretor da Elevor – startup gaúcha que desenvolve softwares de gestão empresarial.