Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Eram facilmente previsíveis os sintomas negativos que assombram a sociedade atual.
No entanto, não houve preocupação mais séria nem aprofundamento sobre as causas.
As dificuldades aumentaram. Nenhum cidadão deveria ficar na condição de inútil; todos têm de dar a sua contribuição para a melhora e atendimento das necessidades humanas. Mas o sistema foi atropelado por interesses menores, afastados dos valores humanitários, e assim a vida foi perdendo seu significado. No vazio existencial, cresce o consumo de drogas enquanto o ser humano vai anulando a sua essência.
As coisas vão piorando, ninguém fala nada, quando se percebe, surge mais um rio morto, carregando esgoto na sua lentidão. É o caso do Rio São Francisco, o velho Chico, estressado pela ignorância. A água não tem preço, é sustentáculo da vida, mas só os sábios percebem isso. O apego ao dinheiro está minando a sabedoria, permanecendo a rigidez e desinteresse em pesquisar objetivamente as leis da Criação. Agravam-se as condições gerais de vida.
O filme Truque de Mestre 2 mostra, sob a forma de fantasia mágica, problemas que rodeiam o mundo financeiro: os hackers, o roubo de informações confidenciais, as manipulações do mercado e a atuação dos especuladores nesta época em que o cassino financeiro no qual a economia global se transformou está sendo acelerado como nunca, girando em alta velocidade, gerando grandes incertezas quanto ao futuro com a concentração crescente de grandes montantes de capital em poucas mãos – os controladores do dinheiro que correspondem a 1% da população mais rica do mundo, pouco preocupada com as questões humanitárias e ambientais.
Em nossos dias, nada mais fica oculto, tudo que se escondia nas sombras tem de se mostrar sob a força da luz. No filme, os mágicos conseguem encontrar soluções, mas na vida real, não sabemos qual será o desfecho final dos truques dos especuladores.
Com a força da boa vontade voltada para o bem, não há passado ruim que não possa ser facilmente anulado. Num mundo marcado pelos desencontros, temos de ser fortes e cultivar a alegria de viver. Estamos enfrentando uma época repleta de asperezas e dificuldades. As trevas dos erros humanos exercem forte domínio. A situação tende a piorar, pois a reciprocidade também se acelera.
Uma grave ameaça são os descuidos para com a infância. Muitos pesquisadores já indicaram a importância das creches para suprir as deficiências das famílias desestruturadas. Precisamos de creches e escolas para a primeira infância, sua manutenção e funcionamento com bons educadores e adequadamente preparados.
É imperioso que as novas gerações se conscientizem da necessidade de compreender o exato significado da vida como base para a construção de um futuro melhor. Como poderemos redespertar nas crianças o gosto pela leitura, a percepção do quanto se pode aprender lendo livros e escrevendo, de preferência de forma manual com lápis e papel, as coisas que vamos compreendendo?
Para preservar a harmonia e manter o bom funcionamento das equipes, torna-se indispensável fortalecer a consideração. Saber ouvir. Eliminar as brigas. Buscar a reconciliação amistosa, estendendo a mão ao companheiro. Eliminar a inveja, o rancor e a vaidade, a mania de sempre ter razão.
Sem bondade não se constrói nada duradouro. Temos de estar atentos às formas de pensamentos que estão sendo geradas e sintonizar nas positivas. Manter a serenidade, não deixar que a mágoa ou a irritação encontrem brechas. Formas de contentamento são o que há de melhor para embelezar a vida, propiciando equilíbrio emocional e saúde.
As sombras se ampliam, os seres humanos permanecem apáticos diante da vida, sem atentar para o brado de alerta de Abdruschin, autor da Mensagem do Graal: “Despertai, ó seres humanos desse sono de chumbo!”.
(*) – É articulista, realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida, e autor dos livros: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; O Homem Sábio e os Jovens; e A trajetória do ser humano na Terra, em busca da verdade e da felicidade ([email protected]).