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É possível sermos nós mesmos no contexto social e profissional

em Artigos
terça-feira, 12 de setembro de 2017

Allessandra Canuto (*)

Já parou para pensar nos motivos que levam pessoas a pautarem sua vida no que os outros poderão pensar?

Afinal, é possível sermos verdadeiros no contexto social e profissional? Podemos ser realmente autênticos? Com essas questões em mente, convido todos a refletir sobre a importância da autenticidade em nosso dia a dia. Autêntico quer dizer ser aquilo que coincide com você mesmo, ser o que é.

Essa é a definição de acordo com a etimologia, mas o senso de urgência da vida moderna parece nos afastar dessa possibilidade aparentemente tão simples: sermos o que somos.

Às vezes, fico com a impressão de que é uma verdade coletiva pensar que se formos realmente quem somos, isso poderá gerar muitos conflitos. Será?
Aproveito a polêmica para lançar um desafio: será que temos consciência do que estamos realmente fazendo?

Grande parte da população deseja ser o que acha que deve ser e não simplesmente o que é de verdade. E você? Analisando situações cotidianas, tracei a complexa relação entre sinceridade e intenção, visando identificar se estamos sendo genuínos ou não.

Por exemplo, pense em um momento em que falou a verdade para alguém ou para si. Você tinha boa intenção? Visava crescimento? Se a resposta é sim, você estava coincidindo com seu verdadeiro eu e, consequentemente, viveu um momento de autenticidade.

Agora avalie um caso em que disse a verdade, porém havia má intenção. Você fala a verdade, mas o propósito é ruim. Quando a proposta é dar um choque de realidade, chamo isso de momento “maldade”, em que expressamos a verdade buscando um resultado negativo para o outro.

Relembre então quando mentiu, mas fez isso com uma “boa intenção”. Você não queria magoar, ou achava que não tinha o direito de ser verdadeiro. Então ocorre o momento preguiça, porque ser transparente, muitas vezes, dá trabalho. Por último, considere uma mentira com uma má intenção. Esta é a combinação que culmina no momento maldade e eu prefiro nos poupar de exemplos desse tipo.

Considerando tudo isso, minha hipótese é que ser legítimo é um desafio pessoal e uma escolha constante. Penso que podemos, sim, ser genuínos, mas com mais facilidade quando nos sentimos seguros. Portanto, fica o desafio de (pelo menos tentarmos) exercitar a autenticidade em qualquer contexto, pois os maiores beneficiados seremos nós mesmos.

A minha experiência tem mostrado que ser quem realmente somos é na verdade uma das formas mais poderosas de evitar conflitos. Afinal, quando não preciso ficar fazendo esforço para ser quem eu não sou e muito menos para agradar alguém, me torno mais leve, mais verdadeiro, mais consistente e isso aumenta meu vínculo com as pessoas e melhora minhas relações interpessoais.

(*) – Especialista em gestão estratégica de conflitos e negociação, facilitação e treinamento para potencializar negócios através do desenvolvimento de pessoas. É sócia e palestrante da AlleaoLado, empresa focada em palestras, treinamentos e consultoria.