Elaine Ribeiro (*)
Vivemos em tempos de correria, prazos, pressão, ansiedade e movimentos acelerados, com a sensação de que nunca teremos pausas para pensar.
Em meio a tudo isto, onde fica a esperança? A psicologia positiva diz que esperança é a habilidade de gerar e acreditar em caminhos ou rotas para conseguir alcançar seus objetivos. A vivência desta esperança pode nos levar a uma vida mais suave e leve, ajudando expressivamente no tratamento da depressão, por exemplo.
Desde 1950, estudiosos têm manifestado seu interesse no estudo da esperança. Em 1990, Snyder, autor expoente na psicologia positiva, passou a compreender a esperança como uma ideia motivacional que possibilita à pessoa acreditar em resultados positivos, colocando em prática sua motivação. A prática da esperança também tem relação com padrões aprendidos na família e até mesmo padrões genéticos, porém, nosso cérebro possui a capacidade de fazer novas conexões para sair de estados originalmente desprovidos da esperança.
Uma frase interessante de Snyder diz que “se você não aprendeu a rir de si mesmo, perdeu a melhor das piadas”, ou seja, diz da nossa habilidade de errar e aprender, rever e retomar. A esperança se dá assim, como aquele impulso motivacional que nos faz seguir em frente.
Viktor Frankl, psiquiatra austríaco que viveu como prisioneiro em campo de concentração nazista, dizia que quando não podemos mudar uma situação, somos desafiados a mudar nós mesmos, ou seja, mudar o como vemos a situação, como lidamos com ela e observar que aspectos, mesmo que trágicos da vida, podem ser enfrentados para que a pessoa possa enxergar sentido.
Sentido tem a ver com esperança, que tem também ligação com a espiritualidade que cada um possui. A ciência cada vez mais comprova que o enfrentamento das situações de vida, aliado à espiritualidade, possibilita mais preparo para se lidar com desafios. Mas, se você lendo este texto está se perguntando: o que posso fazer para cultivar essa tal esperança, já que estou passando por tantas coisas?
Pesquisadores também detectaram aspectos que podem ajudar a aumentar o nível de esperança em uma pessoa, tais como: ter metas e objetivos de vida; sentimento de suporte vindo de Deus, de uma força maior, ou uma instituição que lhe dê tal apoio; estar aberto a si e aos outros; criar a capacidade de não se prender ao medo e ao mal que ele nos traz; a crença num futuro positivo; ter suporte e abertura espiritual e mística (o sentido da transcendência e de algo superior a nós é bastante importante no cultivo da esperança); acreditar que o universo é bom e ter fé na humanidade.
Soma-se ainda a habilidade para lidar com situações difíceis na sociedade e buscar apoio nas pessoas. Ampliando nossa esperança, também nos tornamos mais agradáveis e capazes de experimentar a alegria. Os vínculos com os outros vão se dando também através do otimismo, da cooperação, paciência, gratidão, caridade e de outras virtudes similares a estas.
Pesquisas mostram ainda que até mesmo as atividades fisiológicas podem ser melhoradas quando cultivamos a esperança. Portanto, que, com a esperança reavivada em nós, mesmo nos momentos difíceis, possamos olhar além das dificuldades, dos tropeços e do desânimo.
(*) – É psicóloga clínica e organizacional e colaboradora da Fundação João Paulo II/Canção Nova.