Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
A economia mundial sempre se caracterizou pela grande instabilidade.
É muito triste olhar para a história do Brasil e ver que em todos esses séculos o país e sua população não foram capazes de traçar uma trajetória de ordem e progresso, permanecendo sempre subordinados a interesses externos. Mania de grandeza e sede de poder impediram a visão clara do caminho que se deveria seguir para alcançar o engrandecimento e a felicidade. Os descuidos com as finanças mantiveram o país e seus governantes agrilhoados ao peso das dívidas e seus encargos e das perdas com a especulação cambial.
No passado, em 15 de novembro de 1889, um levante político-militar deu por terminada a soberania do Imperador D. Pedro II, que havia contraído pesada dívida externa de mais de 20 milhões de libras esterlinas para custear a guerra do Paraguai, tendo o marechal Deodoro da Fonseca assumido o poder como chefe do governo provisório do novo regime político que, segundo seus idealizadores, traria amplo desenvolvimento ao país, o que não ocorreu, pois faltaram líderes com visão lúcida como a do Barão de Mauá, que dedicou a sua vida para fortalecer e diversificar a economia brasileira.
O Brasil adentrou no século 20 enfrentando forte crise econômica. A República prosseguia com o modelo agrário sustentado pelas exportações de produtos primários como café, borracha, algodão e cacau. A circulação monetária era parca, insuficiente para fortalecer o mercado interno e elevar o padrão de vida da população.
A economia mundial sempre se caracterizou pela grande instabilidade. As potências europeias lutavam pela hegemonia enquanto os Estados Unidos e o dólar despontavam como a futura nação e moeda dominantes. Após o término da Primeira Guerra Mundial a economia entrou num processo de deterioração da qualidade de vida das massas urbanas, devido às quedas de emprego e do poder aquisitivo, gerando grande insatisfação e visível decadência moral e espiritual da humanidade, o que culminou com a crise mundial de 1929-1930 e da posterior Segunda Guerra Mundial iniciada em 1939.
Em 1930, Getulio Vargas surgiu como a grande ruptura; suspendeu a Constituição e impôs interventores prepotentes, estabelecendo regime forte. Deu impulso à diversificação e industrialização, passando a ser admirado pela classe trabalhadora. O Brasil despontava como uma provável potência industrial e agrícola. Envolvido pela crise econômica global de 1929, infrutiferamente Getulio quis ditar normas reguladoras de preços, passando a intervir na economia e queimando estoques de café.
A economia brasileira já teve momentos de grande vitalidade que poderiam ter sido melhor aproveitados, mas caiu no atraso em decorrência da dívida externa, inflação descontrolada, câmbio irreal, especulação financeira, remessas clandestinas de dólares, juros elevados, invasão de importados, impostos inadequados, despreparo da mão de obra, combustível caro, guerra na política.
Uma grande insatisfação possibilitou, no século 21, uma guinada que transferiu o poder, antes mantido pelas oligarquias, para as mãos do PT. Promessas foram feitas ao povo descuidado e as esperanças renovadas. Mas faltou base real, nada se consolidou. A sede de poder se transformou em sede por dinheiro. O governo ficou sob a influência do partido e sua ideologia antinatural, e perdeu o rumo. Corrupção já havia, mas as alíquotas surrupiadas foram reajustadas para cima de forma escandalosa.
No histórico domingo de 17 de abril de 2016 ficou registrada a tristeza pela situação em que o mal cuidado Brasil se encontra. No Congresso, chamou a atenção a eloquente manipulação das palavras na hora do voto dos deputados federais sobre o processo de impeachment. Mas onde está a verdade sobre as causas de o país ter ficado tão atrasado em seu desenvolvimento? Não foram arrolados crimes de responsabilidade pessoal, mas há toda uma trama de oportunistas e aproveitadores a ser desfeita. Há uma ideologia intrusa que aniquila a liberdade e que deve ser extirpada.
Foi um dia de tristeza e preocupação porque ainda há muitas incertezas quanto ao futuro do país. Os congressistas se tornam responsáveis por um futuro melhor. Necessitamos de estadistas sábios e idôneos no comando. Esperemos que tenha sido um domingo de conscientização do povo brasileiro, de maturidade, de esperança na renovação para a humanização do país.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Email ([email protected]).