José Pio Martins (*)
No Brasil, o diagnóstico econômico está feito. Os principais desafios são conhecidos: (a) fazer o PIB crescer; (b) trazer a inflação para perto do centro da meta de 4,5% ao ano; (c) recuperar o equilíbrio das contas públicas; (d) recuperar a precária infraestrutura; (e) aumentar o nível de emprego.
Entre os economistas à direita e à esquerda, não há disputa em relação ao diagnóstico da situação nacional, nem há divergências quanto aos desafios a serem enfrentados. A divergência está nos caminhos escolhidos para tanto. Os partidos ditos de esquerda, PT à frente, querem mais impostos, mais intervenção estatal, mais gasto público, menos austeridade fiscal e mais ativismo estatal.
Os partidos mais ao centro e os ditos de direita, inclusive o PMDB, pregam outro rumo. Controle dos gastos públicos, recuperação do equilíbrio fiscal, privatização, menor intervenção estatal e ampliação do campo da liberdade econômica e maior inserção internacional. O fato é que ou o Brasil se reinventa ou a pobreza irá se aprofundar. A constatação de que o PIB poderá cair 7% em três anos é a mais lamentável das notícias, porquanto significa aumento acelerado da pobreza.
Um dos pontos cruciais da recuperação econômica está na infraestrutura física – principalmente, energia, transportes, portos e aeroportos. O Brasil tem enorme dificuldade em concluir qualquer coisa, e um exemplo claro é a famigerada legislação sobre investimentos privados nacionais e estrangeiras em infraestrutura. Vale lembrar o caso – esquecido – das parcerias público-privadas, cujo progresso foi pífio.
A recessão econômica produz consequências altamente nefastas, sobretudo quando há combinação de queda no PIB, aumento da população e deterioração da infraestrutura física. O simples passar do tempo desgasta a infraestrutura, caso clássico das rodovias, e a ausência de investimentos cobra um preço caro em termos de atraso na retomada do crescimento do PIB.
Talvez o Brasil devesse discutir um plano nacional de investimento revolucionário em infraestrutura, com destravamento das restrições, redução da tributação interna, redução das tarifas de importação, ampliação da liberdade para atuação do investidor privado, aumento das concessões e retomada das privatizações.
Ocorre que tudo depende de normalidade política e de governabilidade estável. Sem isso, nada se faz de relevante na economia. Infelizmente, enquanto a crise política não for debelada, o país seguirá empobrecendo e as soluções não virão.
(*) – É economista e reitor da Universidade Positivo.