Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O sistema democrático está em cheque, mostrando que precisa de aperfeiçoamentos para impedir a prepotência, a influência do dinheiro e a corrupção.
Os efeitos das decisões dos séculos anteriores parecem estar se manifestando simultaneamente, como um ponto de acumulação na história da humanidade. Estamos enfrentando as consequências das finanças sobre a economia concreta da produção de bens: a expansão monetária, a euforia, as bolhas, a inflação, os riscos da contenção e o rebaixamento dos ativos inflados sem a correspondente redução nas dívidas, gerando o caos.
Como coordenar as questões decorrentes do artificialismo criado pela expansão monetária equilibrando produção, emprego e consumo? Seria com o padrão ouro ou com naturalidade na economia? Os desequilíbrios provocados pelo câmbio e pelos excedentes comerciais de poucos se evidenciam. Como seria se todos obtivessem excedentes comerciais?
Impossível, mas o objetivo deveria ser o de equilíbrio nas contas, pois déficits continuados são cobertos com empréstimos a juros, acarretando dependência e rupturas. Quando cai o consumo ou baixam custos, os preços se estabilizam.
Enquanto a democracia se contamina com conflitos de interesses que levam ao emperramento geral e ausência de alternativas equilibradoras das relações entre os povos, prevalecem os daqueles que têm mais força, em vez de incentivar o aproveitamento dos talentos de todos. A China, com seu sistema autoritário, vem ampliando aquisições e resultados na economia global.
Se até agora os EUA tinham o controle geral através do dólar, como será essa nova ordem que vem despontando num mundo apático de poucas esperanças, onde o inconformismo vai tomando forma sem que surjam estadistas sábios com visão abrangente e desejosos de alcançar o progresso em paz?
No Brasil, sempre dependente de dólares, enquanto a produção industrial estagnava e encolhia a partir dos anos 1980, a de outros países ganhava com a economia de escala e se aproveitava da política de combate à inflação com valorização cambial e juros elevados. Pesquisa e desenvolvimento foram postos de lado. Com a globalização, a situação se complicou e os gestores públicos cruzaram os braços diante da pressão externa para obter ganhos, mas abriram os bolsos para a corrupção. Assim, decaímos na economia e na política.
Amplia-se a corrupção, o mandonismo, o complexo de reizinho autoritário. Por outro lado, há o descuido com as contas. Governantes, presidentes e prefeitos vão gastando, mormente em ano eleitoral, deixando um rastro de dívidas. Sem eficiência, os governantes se curvam e decretam austeridade e congelamento das despesas.
Vivemos num cenário de incertezas onde o ser humano perdeu a base natural e não sabe mais o que quer, apenas vai sendo levado por essa vidinha manipulada sem olhar para o futuro. A questão do preparo das novas gerações requer o comprometimento não só do governo, mas de toda a sociedade. Os jovens não entendem a vida, pois ninguém explica. Estamos arcando com as consequências da massificação com a perda dos talentos da individualidade pela restrição, sufocamento e adormecimento.
A uniformidade de comportamento rebaixado, a começar pela incapacidade para ler, estimulado por uma pseudo-arte que anula o senso para a beleza, nivela todos pelo embrutecimento que elimina o bom senso, favorecendo os apaniguados com o poder. Assim, o descontentamento vai crescendo até explodir ou cair nos engodos populistas.
O século 21 assinala os mais estapafúrdios comportamentos da história em que observamos inquietude e desorientação de almas que não exercitam mais o seu querer e vão vagando pela vida perseguindo ilusões, desperdiçando o precioso tempo para evoluir.
O que a humanidade está fazendo para conter o descalabro que se avizinha?
(*) -Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). É autor dos livros: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; O Homem Sábio e os Jovens, entre outros ([email protected]).