Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Grande parte dos seres humanos pensa que a vida tem como prioridade trabalhar e atingir os objetivos terrenos.
Tais como obter aquisições, consumo e lazer, o que espelha a forma de agir na atualidade, vazia de sentido, sem propósitos elevados. A motivação mais forte é o atendimento das necessidades básicas. Há complicações nos Estados Unidos e no mundo porque a repercussão das decisões tomadas pelos seres humanos está acontecendo de forma mais acelerada. Conflitos e desencontros se agravam porque as decisões foram tomadas sem levar em consideração o conjunto.
Focadas no aspecto financeiro, elas foram úteis para o controle global, mas afetaram o emprego, o meio ambiente e a busca do aprimoramento humano, gerando descontentamento e revoltas pelo mundo. Existem mais mistérios entre o chão do dia a dia e o Banco Central do que possa imaginar a nossa vã economia. Há pouca transparência, a metodologia é complicada. Com 14% de juros Selic, em seis anos a dívida dobra; com as perdas em swap cambial o prazo diminui, enquanto isso a economia vai patinando com expressivo desemprego, aumento dos custos em geral, e acentuada queda na renda.
Aonde foi parar o dinheiro que deveria estar circulando, azeitando a economia? Enquanto nos bancos da Suíça e dos paraísos fiscais existem trilhões de dólares, falta dinheiro em circulação. Há poucas oportunidades de trabalho remunerado para jovens e adultos. A economia está estagnada, pois a renda é insuficiente.
O sistema monetário é predatório porque onde são feitos os lucros não é onde se coloca o dinheiro. Bilhões de dólares têm sido enviados todos os anos para paraísos fiscais. Os países mais fracos precisam entregar o sangue para não serem massacrados. Dólar a R$3,50 inflaciona? Não ajuda a exportação e a geração de empregos? O problema que enfrentamos é a dependência crônica, decorrente do sistema cambial desequilibrado.
A situação econômica dos povos poderia estar bem melhor, mas faltaram estadistas sérios e competentes e ciência econômica visando o progresso real, com ganhos normais sem a exploração de uns pelos outros. Novamente a dívida, que vem travando o Brasil desde a proclamação da independência em 1822, está subindo. Os jovens, que agora galgam a adolescência, não se sentindo motivados para estudar, avançar e progredir, se entregam ao prazer imediato, pois não veem perspectivas, o que favorece o desperdício de mais uma geração, acarretando a fragilização e estagnação do Brasil.
Garotas e rapazes não estão sendo adequadamente preparados para a responsabilidade de gerar filhos fortes de corpo e espírito, que desenvolvam seus talentos para a si mesmos e para o mundo. É preciso incentivar essa geração a se tornar forte para libertar o planeta da ignorância e do atraso, estando, assim, apta a alcançar progresso, paz e alegria.
Por séculos o mundo viveu preso aos dogmas. Lutero provocou a ruptura. Banqueiros, artesãos e comerciantes, impulsionados pela ética protestante, deram início ao sistema capitalista que culminou em Wall Street. Embebida no consumismo, a humanidade deixou de buscar o significado espiritual da vida. A doença se espalhou com a robotização que entorpece a essência e reduz a capacidade de análise.
Descontente com sua reduzida participação na riqueza produzida, a massa vai se deixando dominar pelo medo e insatisfação. A humanidade se encontra num processo de degeneração que está sendo percebido como normal, sem que as causas sejam seriamente pesquisadas. A humanidade está doente. A busca pela espiritualidade é a cura.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br ([email protected]).