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Cultura organizacional é vantagem competitiva poderosa

em Artigos
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Gustavo Debs (*)

Já não é mais novidade que a pandemia impactou todos os setores da economia e fez com que as empresas passassem a enxergar que o futuro do trabalho chegou.

Para se ter uma ideia, 30% das companhias do país devem aderir ao home office após a crise, conforme aponta o estudo “Tendências de Marketing e Tecnologia 2020: Humanidade Redefinida e os Novos Negócios”, assinado pela FGV. Em novembro, a própria Zup anunciou o trabalho remoto permanente, não só como uma consequência da Covid-19, mas por uma escolha dos colaboradores, que mostraram interesse em continuar exercendo as atividades sem sair de casa.

Considero a cultura organizacional como uma das maiores vantagens competitivas. Nesse mundo globalizado e de forte concorrência, os empresários têm janelas de oportunidades para produtos e inovações, mas nenhuma empresa é capaz de copiar a outra em sua essência, sua forma de agir e de tomar decisões. Portanto, ter valores, crenças e objetivos fortes e alinhados é um benefício poderoso na condução do negócio.

É verdade que todas as empresas têm regras – algumas visam mais a performance, outras a inovação – mas nem todas colocam no seu dia a dia aquilo que propagam ou recomendam. E está aí o grande erro: além de ter princípios bem definidos é preciso vivê-los na prática e ter coerência. Fala-se muito na famosa frase do Peter Drucker, pai da administração: “A cultura come a estratégia no café da manhã”. O que ela quer dizer?

Que uma cultura organizacional bem definida está acima de qualquer estratégica equivocada de curto prazo, além de atrair talentos que comungam dos mesmos objetivos. No home office, perdemos a convivência e isso faz com que precisemos nos adaptar para manter as interações humanas presentes. Acredito que os padrões de uma empresa têm mais a ver com o que um gestor faz do que com o que fala e por isso é tão importante deixar claro as ações que estão sendo feitas na empresa.

Todos os gestores se viram obrigados a instaurar o trabalho remoto em tempo recorde, tendo, mais do que liderar à distância, mudar seu mindset e mostrar aos funcionários que o novo modelo de trabalho tem como palavra-chave a responsabilidade, já que o controle da produção acabou. Dar liberdade para o contratado trabalhar de qualquer lugar mostra que acreditamos que ele pode crescer e se desenvolver de qualquer ambiente, explorando ao máximo o seu potencial.

Ter um time engajado e comprometido, que jogue junto e tenha a intenção de fazer a empresa crescer e se manter forte em períodos de instabilidade é o que vai determinar o sucesso ou fracasso das companhias daqui para frente. A via é de mão dupla e pessoas que não se empenham para atingir resultados melhores correm grandes riscos de ficar sem emprego.

Desejo que as tecnologias encurtem o isolamento e que os CEOs aprendam a ressignificar as ferramentas de comunicação para manter o vínculo social criado no ambiente físico, a fim de manter a equipe engajada, motivada e ciente do atual cenário da empresa. Vai por mim, deixar todo mundo a par dos acontecimentos faz com que se sintam seguros em um momento permeado de incertezas.

Isso irá refletir na produtividade no grupo e você conseguirá reconhecimento em tempos difíceis.

(*) – É cofundador e diretor de operações da Zup, empresa de tecnologia que há mais de dez anos atua na transformação digital de grandes companhias e recentemente foi adquirida pelo Banco Itaú.