Amanda Graciano (*)
Se você está em um cargo executivo e precisa tomar decisões, percebeu que é impossível uma empresa sobreviver sem uma estratégia de inovação.
Isso acaba ocorrendo por alguns motivos como, a evolução da dinâmica dos mercados, a concorrência, o aumento da competitividade, a mudança do comportamento do consumidor, entre outros.
Uma vez sob pressão, as organizações têm que olhar para as premissas básicas do negócio antes de inovar de forma mais disruptiva, e por isso, acabam focando em fortalecer e aprimorar o negócio que já existe. O que no médio e longo prazo se torna uma estratégia de defesa.
Uma pesquisa realizada pela McKinsey em 2019, mostrou que as organizações gastam entre 50% a 80% dos seus esforços para a inovação olhando para o core business. Quando olhamos apenas para o core, os retornos das iniciativas de inovação possuem a característica de serem incrementais e na maioria das situações não possuem no longo prazo um grande efeito no negócio e nem na sua taxa de sobrevivência.
Ao analisarmos diversas iniciativas de inovação ao redor do mundo, é possível perceber que na última década houve uma evolução dos modelos. É mais comum encontrarmos iniciativas que atuem em uma outra fronteira de inovação, trabalhando essencialmente em buscar novas oportunidades além dos recursos disponíveis na organização.
Por causa dessa busca por inovações adjacentes que possam se conectar à empresa mãe, vimos o surgimento das incubadoras e aceleradoras corporativas.
Através destas iniciativas as corporações buscam aprender e colaborar com startups. O Corporate Venture Building pode ser entendido como a evolução do modelo de colaboração com startups.
Pode-se dizer que é uma nova fronteira, onde a busca é por iniciativas com potencial de reinventar completamente o negócio ou criar um novo. E sim, é um objetivo muito audacioso. Hoje, menos de 30% do capital investido dentro das corporações ao redor do mundo vai para iniciativas de criação de valor como Corporate Venture Building.
O grande objetivo do olhar de Corporate Venture Building é construir um negócio ou iniciativa que tenha o potencial para se tornar tão grande quanto o core business. É importante pontuar que embora se trate de uma prática de criar startups, a forma de se fazer isso dentro de uma corporação é muito diferente quando comparado a um “voo solo”.
Isso exige que o time envolvido, e as lideranças que apoiam o projeto, sejam tão visionárias quanto um time de pessoas fundadoras e empreendedoras. Apesar da corporação ter o potencial de oferecer valiosos recursos ao novo negócio, ela também pode trazer algumas amarras e restrições. Sem um bom alinhamento inicial e uma certa independência, as chances de sucesso do negócio criado diminuem consideravelmente.
Se você está em uma corporação e está em busca de criar valor, sobrevivência e competição a longo prazo, o Corporate Venture Builder pode e deve ter um lugar de destaque na sua estratégia de inovação em um futuro breve.
O lado “fácil” é que você não precisa fazer sozinho, e que existem algumas empresas no mercado que ajudam corporações a estruturarem e operarem seus CVBs, acelerando o aprendizado e reduzindo os riscos.
(*) – É sócia de Corporate Relations da Fisher Venture Builder.