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Conservadores de Botequim

em Artigos
segunda-feira, 07 de junho de 2021

Márcio Coimbra (*)

O conservadorismo é fator essencial para o desenvolvimento maduro de uma sociedade.

Em última instância define que as mudanças não serão realizadas de forma súbita ou irrefletida. Significa que toda mudança será realizada de forma gradual, ponderada e debatida, preservando-se o princípio democrático como pilar essencial deste processo. Longe de dogmas ou retóricas radicais, o conservadorismo se posiciona como a voz da razão e da ponderação diante das paixões políticas que cegam a sociedade.

A polarização política levou o Brasil a adotar posições anticonservadoras. O messianismo que tomou conta da sociedade brasileira levou o país a modificar seus rumos de forma abrupta, realizando as mudanças de forma intempestiva, impulsionada por rompantes e também crenças radicais, flertando com a autocracia e posições antidemocráticas. Nada mais longe do que significa ser conservador.

Ao se apropriar do conservadorismo, uma safra de políticos de uma direita de corte populista, associou sua imagem e verniz a um movimento político que passa longe de suas crenças, mas move as massas. A política da prudência, que acompanha os conservadores, balizados pela estabilidade e moderação, passam longe do populismo de botequim vendido pela direita tupiniquim.

O dirigismo estatal, obediência messiânica e a política de compadrio estão a algumas léguas de distância dos instrumentos democráticos, do livre mercado, da pluralidade de opinião e limitação do poder do Estado, defendidos pelos conservadores. O humor dos mercados jamais pode ser definido pelos rompantes do líder populista, mas a estabilidade das regras deve nortear a confiabilidade de um país.

Um conservador acredita no poder da estabilidade e previsibilidade institucional como forma de atração de investimento e geração de riqueza para a sociedade.
Infelizmente ainda há muita confusão sobre o conservadorismo, erroneamente associado simplesmente a pautas morais.

Um conceito simplista e equivocado, pois confunde-se o princípio de que existe uma ordem moral duradoura e o fato de que os conservadores aderem ao costume, à convenção e à continuidade, associando estes fatos, de forma errada, a preceitos obscuros e pautas retrógradas e ultrapassadas, já vencidas pelo conservadorismo, que aceita a mudança de forma gradual e prudente.

Conservadorismo significa o princípio da prudência, estabilidade e previsibilidade aplicados na política e nas relações econômicas. Alinha-se com democracia, limitação do poder dos governos e liberdade econômica para os cidadãos, garantindo poder para a sociedade, democracia e manutenção das instituições. Rejeita as revoluções, mudanças bruscas e irrefletidas.

O conservador busca uma sociedade ponderada, uma política prudente e uma economia estável, elementos que contribuem para maturidade da sociedade e um futuro próspero, longe de um coletivismo involuntário e perto da responsabilidade individual.

Populistas travestidos de conservadores transformaram-se hoje em uma ameaça para a democracia, assim como os falsos liberais de ocasião, seduzidos pelo poder. Comprar estes oportunistas pelo valor de face pode custar muito caro para nossa sociedade.

(*) – Presidente da Fundação Liberdade Econômica, é coordenador da pós em Relações Institucionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie/Brasília, Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos e ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado.