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Como cheguei ao cargo de CFO de uma multinacional

em Artigos
terça-feira, 10 de março de 2020

Roberta Rosenburg (*)

Iniciei minha trajetória profissional em um projeto temporário de dois meses para atendimento telefônico a clientes.

Depois desse período me deram outros projetos, que tinham seis meses de duração. No entanto, fiquei 13 anos nessa empresa, que foi minha grande escola e de onde saí como Head de Finanças. Fui desenhando minha carreira com o passar do tempo. No começo não tinha muita noção de onde podia chegar, era muito tímida, e isso atrapalhava um pouco.

Mas sempre pensei nos próximos cinco anos e dei o meu melhor sem ligar para quando me pediam para fazer trabalhos operacionais. Até hoje não me importo com isso. Aprendi a fazer um planejamento, sempre considerando pequenos degraus, para que pudesse ter a base necessária para o próximo desafio, pois não adianta sonhar com degraus muito altos se você não tem a experiência e inteligência emocional suficiente para lidar com isso.

Em diversos momentos de minha carreira fui desafiada. Acredito que o principal desafio para mulheres da minha idade era ser reconhecida em um ambiente majoritariamente masculino. As oportunidades de promoção eram facilmente passadas para os homens, enquanto nós, mulheres, tínhamos de provar muito mais para sermos valorizadas.

Desde o início da minha carreira atuei em empresas predominantemente masculinas e hoje isso é natural para mim. Era muito comum as mulheres deixarem seus empregos para terem filhos, mas temos que ter em mente que todos são iguais e capazes. Outro desafio é sem dúvida o momento da maternidade, pois somos cobradas para ser excelentes mães e estarmos presentes em todas as ocasiões.

Tive de relaxar quanto a isso e aprender a me cobrar menos, pois a vida de executiva não nos permite estar disponíveis o tempo todo. Participo da vida de meus filhos com qualidade, e não quantidade, e conto com o apoio do meu marido, que foi o eleito para participar do grupo de “mães” da escola.

Até hoje somos cobradas para ser a mãe perfeita, ou, como está na moda, a “Mulher Maravilha”, mas sinceramente com a vida de executiva isso não existe, e o que você pode dar é qualidade de tempo com sua família. Nunca gostei desse rótulo, isso sobrecarrega ainda mais nossa cobrança interna.

Atualmente estou em meu melhor momento profissional, pois planejei minha carreira nos últimos anos para me tornar diretora para a América Latina, e consegui. Essa sensação é indescritível. Trabalhar em uma multinacional que se reinventa a cada ano e aposta em tecnologia para impulsionar os negócios é uma conquista que tenho orgulho de enfatizar.

Eu me sinto confortável, pois gosto do dinamismo e de trabalhar com uma visão de futuro. Automatizações, praticidade, colaboração entre a equipe e comunicação são fundamentais para o sucesso. Acredito que líder é a pessoa que inspira e respeita o funcionário pelo que ele é. Aprendi que um líder motiva a equipe e engaja as pessoas ao ser um exemplo, mesmo em momentos difíceis.

É inspirador para mim desafiar as pessoas e vê-las evoluir, além de compartilhar minha experiência, por meio de atitudes e exemplos. Se a equipe fica trabalhando até tarde ou precisa de ajuda, o líder permanece ao seu lado e participar. Minha mensagem para as mulheres que estão iniciando a carreira é que todas são responsáveis por sua própria trajetória.

Planeje cada passo, estude muito, aprenda línguas (pois ainda temos uma defasagem imensa no Brasil) e não deixe que as pessoas te rotulem. Só você sabe do que é capaz.

(*) – É CFO da Husqvarna para América Latina.