Claudia Santos (*)
Os profissionais com experiência têm saído do Brasil em busca de novos desafios e melhor qualidade de vida.
Com a crise econômica dos últimos anos e as recentes mudanças no mercado de trabalho brasileiro, muitas pessoas estão deixando o mundo corporativo para percorrer novos caminhos profissionais. As carreiras, que antes eram estruturadas e seguiam uma linha ascendente, estão tomando diversas direções e ganhando novos formatos.
Neste cenário, os profissionais com experiência têm saído do Brasil em busca de novos desafios e melhor qualidade de vida. Apenas entre 2014 e 2016, segundo a Receita Federal, 55402 brasileiros optaram por trocar de país – um aumento de mais de 80% em comparação com o ano anterior.
A novidade é que o perfil dessas pessoas têm se transformado nos últimos anos – se antes eram os jovens que buscavam novas experiências no exterior, hoje são os profissionais mais qualificados, com cargos gerenciais e alto poder aquisitivo. Isso tem contribuído para a fuga de talentos e falta de mão de obra qualificada no país, o que abre espaço para profissionais mais jovens e inexperientes.
Por outro lado, um ambiente corporativo que valoriza a cobrança e a busca por resultados, somado a um modelo engessado de gestão de pessoas, também está contribuindo para que os profissionais fujam do escritório tradicional. Esse cenário não apenas aumentou os casos de estresse, ansiedade e depressão, mas também provocou uma mudança profunda no mercado e nas relações de trabalho.
Quando pensamos na nova geração, recém-saída da universidade, essa tendência fica ainda mais nítida. No passado, as pessoas costumavam delegar as decisões de suas carreiras para as organizações, que traçavam quais seriam os próximos passos a seguir. Hoje, os profissionais procuram fazer o que acreditam e realizar um trabalho com propósito, não apenas pela remuneração e pelo crescimento na carreira.
Para muitos deles, é importante encontrar sentido no que se está fazendo e estar profundamente identificado com os seus valores e com a sua missão de vida. Isso contribui para que eles se afastem, cada vez mais, de companhias onde não se sentem engajados e estimulados.
As instituições não são mais a única opção – muitos profissionais têm arriscado criar o seu próprio negócio, trabalhar como autônomos ou virar freelancers. Com o surgimento de novos campos de atuação e uma forte cultura de empreendedorismo, eles passaram a buscar diferentes soluções para realizar seus anseios profissionais.
As mudanças no mundo do trabalho são um caminho sem volta. Com o início da recuperação da economia, as empresas precisam transformar a cultura interna para valorizar e estimular seus funcionários. Trabalhar com o foco apenas em metas e resultados não é suficiente para companhias que desejam crescer e se destacar nos próximos anos. E investir na área de recursos humanos é fundamental para evitar que as pessoas não abandonem, cada vez mais, o ambiente corporativo.
(*) – É especialista em gestão estratégica de pessoas, palestrante, coach executiva e diretora da Emovere You (www.emovereyou.com.br).