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As lições da crise e a empregabilidade no cenário de recuperação

em Artigos
sexta-feira, 07 de dezembro de 2018

Anderson Nagado (*)

Após o período de crise econômica e política que assolou o país, estamos na expectativa pelo momento da retomada

Empresários, colaboradores, clientes, fornecedores, ninguém saiu ileso do quadro de turbulência, que dizimou mais de 340 mil empresas no período de três anos, de acordo com o Cadastro Central de Empresas do IBGE. E o reflexo disso? O desemprego, que levou cerca de 14 milhões de pessoas a ficarem fora do mercado de trabalho e outros milhões tendo que se ajustar à informalidade.
Por instinto de sobrevivência, muitas empresas enxugaram seus quadros e substituíram profissionais da alta liderança por outros de menor hierarquia – que, por sua vez, tiveram que assumir as mesmas ou até maiores responsabilidades. Porém, esse lado cruel da crise contribuiu para o desenvolvimento de novos e diversificados perfis de profissionais, que já estão determinando o novo comportamento das organizações no mercado.
Com base neste panorama, as empresas estão direcionando suas estratégias, no que se refere ao fator humano, para competências que até tempos atrás eram pouco utilizadas, como autogestão emocional, inteligência cognitiva, capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e a atitude colaborativa com pessoas diversas. Por outro lado, os profissionais precisam também se apropriar destas novas e atuais competências para encarar os desafios que virão pela frente e que são impostos por um mercado incerto e cada vez mais ágil, volátil, ambíguo e competitivo.
Certamente, os que estiverem preparados para compreender e enfrentar este novo cenário terão melhores chances de sucesso em suas carreiras. E este é o perfil do profissional Learning Agility, que consiste na habilidade de captar, assimilar, processar e aplicar novos conhecimentos através de estudos e experiências, tanto em situações já conhecidas como em novas.
Se a expectativa de projeção do crescimento econômico se confirmar, em 2019 haverá uma massificação inevitável pela busca de profissionais no perfil Learning Agility, sobretudo pela tendência já apresentada por muitas empresas de adotarem um modelo de gestão horizontalizada, que dá mais espaço e autonomia aos colaboradores para tomarem suas próprias decisões, sendo essa outra grande inclinação do mercado “pós-crise”.
Com isso, teremos empresas mais produtivas e que promoverão a interação do capital humano através da aplicação de processos mais simples e decisões mais rápidas. Essas “novas” empresas, mais enxutas e dinâmicas, esperam também contar com profissionais que consigam perceber as sutilezas do cenário em que estarão inseridos para se moldarem de forma a extrair o que há de melhor de cada situação, com rapidez e assertividade.
Quem não enxergar ou não se adequar a esta nova realidade corporativa, poderá encontrar sérias dificuldades para evoluir. Ou seja, todos precisam estar abertos às mudanças, buscando aprender e evoluir inclusive em momentos de crise, pois são neles que a capacidade do ser humano de apresentar o seu melhor se evidencia, essencialmente pela revelação de novas habilidades e potenciais.

(*) – É gerente de consultoria do Grupo Soulan.