Pedro Signorelli (*)
De acordo com a pesquisa divulgada pelo Distrito, o valor total dos investimentos captados por startups brasileiras em 2021 é o maior desde 2016.
Isso quer dizer que chegou a quase US$ 9,8 bilhões até novembro. Em 2020, foram US$ 3,6 bilhões, ou seja, a soma dos investimentos cresceu mais de 200% no período. Ao todo foram 771 rodadas, contra 611 realizadas em 2020. O crescimento no volume de investimentos denota que há, de um lado, investidores em busca de boas oportunidades, e de outro, empreendedores com boas ideias de negócio.
Diante disso, os diretores e gestores precisam ter um planejamento claro para onde direcionar o aporte recebido, visando o crescimento e a consolidação da empresa.
É necessário ter um pitch que mostre aos interessados que sua ideia tem potencial, seja trazendo elementos, como estimativa de tamanho do mercado, empresas atuando ainda que parcialmente, mostrar que chegou ao product-market-fit e seu faturamento até o momento, entre outros.
Estes elementos são básicos para convencer alguém a tomar risco junto com você.
Uma das formas de financiar o sonho é o famoso ‘bootstrapping’, onde você mesmo aporta capital e deve pouco ou nada a pessoas externas. Por outro lado, você assume todo o risco. Outra maneira é trazer um sócio investidor, que pode contribuir não só com o capital, mas também com seus conhecimentos, experiência e networking.
Afinal, é muito difícil, para não dizer impossível, que você saiba fazer tudo sozinho.
Em geral é mais fácil ter alguém com quem dividir as ideias e confrontá-las, se apoiar no conhecimento de um novo sócio, neste sentido, buscar um aporte também vale por isso, e pode tornar a empreitada mais palatável para você. Afinal, é preciso pagar a conta de luz, almoçar, pagar o desenvolvedor etc.
Quem recebe o aporte, precisa ter muita responsabilidade com ele e isso quer dizer ter método e processo para utilizá-lo da melhor maneira, não como um filho responde “sim, mãe, tomarei cuidado”, sem ter o menor interesse em realmente ter cuidado ou saber como efetivamente fazer. Sem isso, seu dinheiro pode acabar rapidamente.
É importante mapear uma forma de gestão condizente com seu negócio e com o momento da economia. Um excelente caminho para gerenciar o aporte e toda a startup são os OKRs (Objectives and Keys Results – Objetivos e Resultados Chaves). Com eles é possível ter claras quais são as principais frentes de investimento e focar nos resultados que importam.
É uma ferramenta que deixa clara para cada membro da equipe qual sua tarefa dentro do todo, provocando um engajamento maior e, além disso, tem algo, dentre outros pontos, que considero essencial para as startups, a possibilidade de ajustes constantes no rumo da empresa. Num negócio novo isso é mais do que importante, é vital.
(*) – Especialista na implementação do método OKR, fundou a Pragmática Consultoria em Gestão visando ajudar organizações em suas jornadas de transformação e gestão (http://www.gestaopragmatica.com.br/).