Victor Missiato (*)
A amplitude da vitória de Donald Trump nos EUA representa um avanço do conservadorismo político no continente americano, bem como uma sinalização clara de que haverá um redimensionamento político da diplomacia estadunidense.
Embora as eleições na França e Reino Unido sinalizaram uma sobrevida para os partidos progressistas, seja assumindo o poder, seja redefinindo um projeto de frente ampla, o crescimento do conservadorismo sinalizava que a disputa político-ideológica permaneceria ativa em outras regiões. No caso dos EUA, algo que aparentava estar muito polarizado se desfez, em termos eleitorais, com a rápida indicação de vitória de Trump.
Um possível novo capítulo da guerra comercial com a China poderá ser prejudicial para o Brasil, caso o país não consiga encontrar espaços de proveito diante dessa crescente rivalidade econômica. O protecionismo defendido por Trump poderá afetar as relações comerciais brasileiras, pois diminuiria seu poder de exportação. Por outro lado, tais políticas podem forçar o governo brasileiro a adotar uma nova agenda de reformas a fim de não perder competitividade em um comércio internacional mais restrito.
No que diz respeito aos principais conflitos na Europa Oriental e Oriente Médio, a continuidade das guerras prejudica a busca por fortalecimento de acordos comerciais que façam um contrabalanço às políticas protecionistas que devem vir contra os produtos chineses. Os Acordos de Abraão, no Oriente Médio, terão uma árdua missão de se propagar, quando os conflitos entre Israel, Hamas, Hezbollah e Irã tiverem um fim.
No que diz respeito à geopolítica europeia, a não participação da Rússia em conflitos no governo Trump pode ilustrar suas reais intenções geopolíticas nessa região. Existe um clima de tensão entre as relações Trump e Putin, pois o cenário era outro no primeiro mandato do presidente norte-americano.
(*) – É professor de História do Mackenzie Tamboré. Dr. em História e analista político.