Luis Gonçalves (*)
Há pouco mais de um ano, iniciamos o que as próximas edições dos livros de história devem classificar como uma das maiores crises globais da humanidade.
O cenário de pandemia impactou todos os aspectos da vida e obrigou as organizações e a sociedade a se adaptarem a uma nova e inesperada realidade. E, mesmo após o – tão esperado – controle da COVID-19, as expectativas são de que o mundo não voltará a ser como antes.
A única unanimidade entre os futurólogos é que, qualquer que seja o novo cenário, a tecnologia passa a ter um papel cada vez mais essencial para moldar a forma como as pessoas trabalham, se relacionam, estudam, compram, entre tantas outras atividades. Mais do que isso, esse avanço tecnológico pode ser um divisor de águas para ajudar na aceleração econômica dos países e no combate à desigualdade social.
O avanço da tecnologia já começa a ter um papel de protagonismo nos esforços globais para apoiar as nações na pandemia, ao oferecer ferramentas para que os governos implementem projetos de curto, médio e longo prazos voltados à reconstrução econômica e social. Ou seja, as inovações tecnológicas cada vez mais acessíveis e disponíveis para um grande número de pessoas já começam a servir de alicerce para esse novo mundo.
Durante um encontro global realizado no final de 2020, a ONU e a Unesco definiram que os investimentos dos governos ao redor do mundo em conectividade e tecnologias digitais serão essenciais para capacitar professores e gerar oportunidades para os milhões de alunos excluídos digitalmente ao redor do mundo e que não tiveram acesso à educação na pandemia.
Reforçando assim o papel da tecnologia para a inclusão social e para criar as bases das economias sustentáveis. Essa agilidade e capacidade de recuperação de empresas e governos têm sido colocada à prova desde o início da pandemia. E já é possível vislumbrar que as organizações públicas e privadas que estavam mais avançadas na digitalização dos negócios têm sido melhor sucedidas nessa jornada.
Entre os exemplos, uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), publicada em dezembro de 2020, mostra que as indústrias 4.0 – que incorporam tecnologias em larga escala na linha de produção – lucraram mais e mantiveram ou até ampliaram as contratações na pandemia e têm melhores perspectivas de faturamento para 2021 do que as indústrias tradicionais.
E os benefícios sentidos pela indústria 4.0 têm se replicado para os mais diferentes setores da economia: as empresas mais avançadas na transformação digital têm mais chances de sobrevivência e sucesso no atual momento de pandemia e no cenário de recuperação. O que confirma que a tecnologia é e será o caminho para garantir competitividade, crescimento econômico, geração de empregos e de oportunidades de acesso a educação e serviços essenciais.
Cabe agora iniciar a construção das bases necessárias para suportar esse crescimento digital e de um futuro melhor, no qual a tecnologia permita criar serviços que beneficiem um número cada vez maior de pessoas no pós-pandemia. O que depende de um pensamento inovador por parte dos líderes das organizações públicas e privadas, de investimento em pesquisa e desenvolvimento, do uso intensivo de tecnologia e do desejo coletivo de criar um mundo melhor e mais justo para todos.
(*) – É Líder da Dell Technologies na América Latina.