Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Lamentavelmente o desenvolvimento do Brasil vem sendo detonado e não é de hoje. Começou nas áreas de educação, saúde e dependência financeira.
Avançou pelo consumo de drogas, alcoolismo e outros vícios que enfraquecem as novas gerações no período áureo da adolescência, comprometendo o futuro. A indústria também tem sido prejudicada pelos efeitos negativos. Há muitas coisas para serem modificadas para que o país possa ter um futuro melhor. Seriedade e responsabilidade são indispensáveis.
Atraso e corrupção estão presentes em quase tudo que é feito. A destruição ocorre por todas as regiões, ao lado do aumento da ignorância. Esta parte do continente americano vai consolidando a decadência como normal, mas isso está errado, pois o certo seria a evolução humana. Uma civilização evoluída não teria esse descaramento para obter lucros com o mínimo esforço e falta de respeito pelas demais espécies. O descaso se amplia e as pessoas também vão sendo coisificadas.
Vem de longa data a cultura de “Zé Carioca”, personagem fictício criado pelos estúdios Walt Disney no começo da década de 1940 como o típico malandro, sempre escapando com o “jeitinho” astucioso. Basta observar os humoristas, sempre insinuando a malandragem como forma de sobreviver no país que tardou em promulgar a lei áurea, e quando o fez, não teve a competência de elaborar de um plano geral de integração.
No Brasil os “gatos grandes” não se incomodam com os “ratos pequenos”, e quem pode mete a mão sem preconceitos nos cofres do Estado recheados com o dinheiro recolhido da população. Faltam seriedade e bons exemplos. A economia brasileira está recessiva há três anos. Isso precisa ser revertido, pois se continuar assim corremos o risco de regredir ao estágio de produtor de commodities.
No entanto, entre 2016 e 2017 terá ocorrido uma sobrecarga de juros de aproximadamente R$ 1 trilhão sobre a dívida. Como ocorreu nos anos 1980, em que o Estado ficou amarrado, sem condições de dar estímulos para investimentos em infraestrutura, isso vai pesar, pois o setor privado não tem conseguido dar impulso, enquanto os gastos governamentais sempre apresentam vícios sem atentar para o que seja essencial e prioritário.
O Estado deveria se pautar pelo equilíbrio nas contas internas e externas. Governos desatentos deixaram a situação rolar com juros compostos. Estatísticas revelam que a dívida pública global alcançou o nível de 325% do PIB mundial, correspondendo a US$ 215 trilhões. Juros, câmbio e déficits formam o tripé que promove riqueza para uns e dívidas para muitos. O mundo vive um delicado momento. A corrupção e o barbarismo estão se esparramando e se fazem notar em acontecimentos trágicos e tristes em várias partes do mundo, testemunhando o embrutecimento do ser humano afastado da espiritualidade.
Além disso, ocorrem as catástrofes da natureza, querendo transmitir a mensagem de que a humanidade abusou do tempo e da responsabilidade, e não se esforçou para construir um mundo livre das misérias e sofrimentos. Com relação às incertezas quanto ao futuro do mercado de trabalho, Martin Boehm, reitor da IE Business Schooll, falou sobre a predominância do ensino teórico em prejuízo do foco nos comportamentos mentais. “O melhor é ensinar os alunos a serem essencialmente humanos e a terem uma visão holística do mundo”.
Atualmente, com o modo de vida vazia de sentido, muitos parecem estar perdidos, sem foco, sem visão da vida real. No passado, as pessoas, apesar de pouca escolaridade, tinham contato com a vida real e sua sabedoria, pois com a faculdade de ouvir a própria intuição, tinham clareza e agiam com bom senso. Hoje elas têm de se esforçar para recuperar a consciência própria para despertarem novamente para a vida e não serem apenas simples teleguiados.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]).