Os cenários de aquecimento global afetarão o PIB dos países até 2048. A Arábia Saudita, por exemplo, deve enfrentar uma redução de 10,85 no seu indicador. No Brasil, a projeção é de -0,48. As consequências do aquecimento na terra fazem parte de um estudo da Moody’s Analytics a partir dos impactos no aumento do nível do mar, consequência do calor na produtividade do trabalho, produção agrícola, entre outros requisitos.
Os problemas de saúde, por exemplo, devem aumentar nas regiões tropicais devido a maior proliferação de algumas doenças, como a malária e a dengue. O calor deve afetar ainda o desempenho do trabalhador, principalmente aqueles que trabalham ao ar livre. A agricultura é outro setor econômico que enfrentará alterações com as mudanças climáticas. Algumas localidades e culturas podem ser beneficiadas, mas outras enfrentarão a queda da produtividade, com fortes impactos econômicos.
No Brasil, a possibilidade de crise hídrica, por exemplo, vem sendo motivo de estudo de vários especialistas e uma preocupação governamental já apontada pelo Plano Nacional de Segurança Hídrica. O estudo aponta que cerca de 55 milhões de brasileiros, das regiões urbanas, correm sérios riscos de ficar sem água em 2034. A solução passa por investimentos na ordem de R$ 30 bilhões nos próximos 15 anos em projetos como sistemas adutores, barragens, canais e eixos de integração das bacias hidrográficas.
O estresse hídrico já vem sendo enfrentado por várias regiões brasileiras em diferentes períodos. Na Região Metropolitana de São Paulo, a escassez de água entre 2014 e 2016 é um dos exemplos do que não pode ocorrer novamente. Por isso, o combate aos desperdícios e perdas de água deve fazer parte dos programas de gestão dos operadores de sistemas de abastecimento de água.
Outra iniciativa importante é o incentivo ao reuso de água nos municípios. As Câmaras podem contribuir criando legislações que incentivem a construção de prédios sustentáveis e que proporcionem a reutilização da água para as áreas de limpeza e irrigação de jardins.
Temos um papel muito importante para evitar que os efeitos nocivos do aquecimento global tornem nossas vidas insuportáveis no futuro.
Precisamos avançar nas propostas sustentáveis, começando pelo nosso cotidiano.
(*) – É presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente e vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.