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Gestão do manejo é peça chave no controle da matocompetição no canavial

em Agronews
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão de produção da safra brasileira de cana-de-açúcar 2022/2023 está estimada em 598,3 milhões de toneladas, um crescimento de 2,2% sobre a produção da safra 2021/2022. A produtividade está calculada em 72.026 kg por hectare, 3,9% a mais que a obtida na safra anterior. Produtor em ascensão, o Brasil precisa adotar cada vez mais tecnologias que auxiliam na qualidade e manejo dos canaviais.
A matocompetição, por exemplo, é um problema crônico e presente por todo o País. As plantas daninhas, quando mal manejadas, podem gerar prejuízos econômicos milionários e danos de produtividade irreversíveis. A mudança da colheita manual para mecanizada e o fim das queimadas foi um avanço nos impactos ambientais causados pelo cultivo, mas abriram espaço para incremento das plantas daninhas, principalmente da classe das folhas largas, que se juntaram às gramíneas e dividem o protagonismo de vilãs da produtividade e longevidade dos canaviais.
Este cenário tem deixado muito canavicultor procupado. De acordo com Pedro Christofoletti, PhD e pós-doutor em “Ciência de Daninhas” e ainda professor aposentado da ESALQ, a presença da planta daninha no canavial é um problema por diversos motivos, principalmente por ela competir pelos fatores essenciais de crescimento: água, luz, nutrientes e também por espaço.  
Contudo, a intensidade de perdas, segundo o especialista, vai depender de uma série de fatores ligados à densidade, espécie, distribuição espacial e todos os aspectos da infestação. “São muitas variações, mas em ensaios que fizemos, tivemos a máxima perda de produtividade que chegou até 87,5%, comprometendo quase toda a produção. Contudo, observamos que, na média, a perda ainda seja alta e fique entre 45% e 50% da produtividade se não fizer o manejo correto do mato”, destaca.  
A gestão é o grande gargalo do problema. Alguns produtores ainda acreditam que o controle da matocompetição pode ser feito apenas intensificando o investimento em herbicidas, utilizando muitas vezes “receitas padronizadas”. Contudo, estudos mostram que nem sempre aumentar o investimento em defensivos pode ser a solução. “O monitoramento é fundamental para identificar o nível de infestação e quais as espécies presentes para então poder direcionar o manejo mais correto e eficiente”, diz Christofoletti. 
Outro ponto que o produtor deve se atentar para fechar a conta no final da safra é o preço dos herbicidas, que também subiram muito. De acordo com João Rosa, consultor do Pecege, o gasto médio com esses produtos na soqueira cana-de-açúcar, na safra 2021/2022, representou 12% do custo de produção, ou seja, R$ 363,35 por hectare. Na formação do canavial, o gasto médio foi de R$ 936 por hectare. Porém, algumas usinas gastam mais e outras menos.
Segundo levantamentos do Pecege, há exemplos de empresas que investem até 14,5% a menos que outras, ou R$ 140,67 de diferença por hectare. “Essa diferença pode ser justificada em partes pelo processo de gestão das recomendações de herbicidas, que algumas usinas fazem com mais eficiência”, diz Rosa.
“O que torna o processo muitas vezes mais caro é usar produtos sem propósito por desconhecer o problema instalado, por isso é fundamental o monitoramento para não sofrer com quebras de produtividade e manter os custos sob controle”, complementou Chistofoletti sobre estas variações.