Mesmo com o aumento verificado na exportação de soja, que atingiu 15,59 milhões de toneladas em maio, contra 14,34 milhões no mês anterior e 10,64 milhões em igual período de 2022, as vendas internacionais da oleaginosa devem ser reduzidas nos próximos meses. Segundo análise do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quarta-feira (21), o crescimento recente do volume exportado refere-se em grande parte às vendas antecipadas e à preparação para a nova safra. No entanto, com as quedas nas cotações e nos prêmios de exportação, que declinaram mais intensamente a partir de março, a tendência é que os produtores optem por manter a soja em estoque, aguardando a melhoria no quadro de preços previstos para o segundo semestre.
O Boletim informa ainda que, pelo lado da demanda, apesar do quantitativo recorde importado até agora do Brasil (34,4 milhões de toneladas de soja em grãos), a China adotou uma sistemática de aumentar o tempo dispensado às inspeções em cargas de soja que chegam ao país, prolongando os tempos de liberação do produto. Estes novos procedimentos alfandegários tornam ainda mais lento e custoso o escoamento do produto em território chinês, podendo retardar o comércio com aquele país.
No caso do milho, as exportações já apresentaram leve queda, atingindo 0,38 milhão de toneladas em maio, contra 0,47 milhão de toneladas observado em abril. O movimento de baixa é influenciado também pela diminuição dos prêmios e cotações, que vem provocando forte redução nas vendas externas. “As excelentes condições da lavoura brasileira neste ano, cultura que apresenta a peculiaridade de plantar três safras do cereal por temporada, aliada ao início do plantio da safra americana, estão pressionando os preços em Chicago, em meio às previsões de uma oferta mundial recorde”, completa o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth. “Como contraponto, a seca esperada para as próximas semanas nos EUA tem adicionado prêmio às cotações naquele país, já que as condições climáticas são motivo de preocupação”.
Fretes – No mês de maio, o Boletim destaca a implementação do novo corredor de importação de fertilizantes do Arco Norte, no porto do Itaqui, em São Luís/MA, que interliga o Terminal da Copi, no Maranhão, ao Terminal Integrador de Palmeirante, em Tocantins. A nova infraestrutura possibilitará o transporte da produção de grãos até o porto do Itaqui e o seu retorno será utilizado para o transporte de fertilizantes. A capacidade operacional inicial é de 1,5 milhão de toneladas/ano, atendendo aos produtores sediados nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí, além do Tocantins, Maranhão e Distrito Federal. “Com essa nova infraestrutura, a cadeia produtiva de grãos desses estados tende a almejar sua autossuficiência no abastecimento de fertilizantes”, afirma Guth. “Cabe pontuar que no caso de transportes em percursos superiores a 800 quilômetros o frete ferroviário pode se tornar entre 30% a 40% mais barato do que o rodoviário. Acima de 1,5 mil km, a economia poderá superar valores acima de 40%”.