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Robótica e automação na agricultura: aplicações presentes e futuras

em Agronegócio
sexta-feira, 01 de setembro de 2023

Jaime Perroti (*)

O agronegócio enfrenta uma demanda urgente de implementar automação e Inteligência Artificial (IA) em suas operações para aumentar a produtividade e reduzir custos. A economia exige isso. E a urgência vai além: em 2020, as Nações Unidas alertaram que a produtividade agrícola precisaria aumentar em 60% para alimentar a população global prevista em 2050.

A verdade é que o setor de agronegócio está sob forte pressão. Aumentos drásticos nos custos de insumos e mão de obra estão colocando em risco a lucratividade dos agricultores. Globalmente, eles relatam que os preços de insumos, como fertilizantes e produtos químicos para proteção de cultivos, aumentaram de 80% a 250% nos últimos anos. A mudança climática também está reduzindo os lucros. Um clima mais quente está resultando em maior impacto nas safras, com eventos climáticos mais frequentes, secas mais longas e novas pragas invasoras, que reduzem a produtividade e lucratividade.

Como enfrentar os desafios
Para enfrentar esses desafios e permanecer economicamente viável, o agronegócio precisa encontrar soluções inovadoras. A robótica e a automação são uma alternativa viável para reduzir o impacto das mudanças climáticas na agricultura e auxiliar os produtores a melhorar o seu desempenho.

As tecnologias de última geração usam uma combinação de sensores, análises, robótica e equipamentos automatizados para ajudar os agricultores a tomar decisões mais inteligentes no campo e fazer mais com menos. Além disso, desenvolvimentos recentes em IA generativa apresentam oportunidades futuras para automatizar a tomada de decisões usando vastos conjuntos de dados já existentes.

Exemplos potenciais incluem ajudar os agricultores no desenvolvimento de planos estratégicos sobre quais insumos (fertilizantes, proteção de cultivos e sementes) aplicar, em que épocas e volume, para melhor apoiar a lucratividade e as práticas sustentáveis de uma fazenda. A tecnologia automatizada pode agregar valor significativo aos produtores de culturas em linha e especiais. Segundo o estudo “Trends driving automation on the farm”, elaborado por analistas da consultoria McKinsey, casos de uso com equipamentos totalmente autônomos em pomares e vinhedos, por exemplo, podem render mais de US$ 400 por acre por ano em valor, dobrando o ROI em automação.

Novas demandas impulsionam inovações
Ao longo dos anos, as novas demandas vêm atraindo empresas e investidores interessados em tecnologia agrícola, de forma a tornar o setor mais eficiente e econômico. O pico na robótica tem a ver principalmente com o fato de que há uma população crescente que precisa de comida. Sem inovação e aplicações automatizadas na agricultura, seria altamente desafiador para os agricultores atender às demandas globais.

Uma transformação focada em automação e IA pode obter retornos mais rápidos e com menor CAPEX do que um redesenho geral das operações. Também é mais eficaz do que implementar abordagens tradicionais que capturam apenas melhorias incrementais na eficiência do processo. Com a aplicação dessas soluções, as empresas agrícolas podem ver resultados em um ano.

Ainda segundo os analistas da McKinsey, a adoção de equipamentos agrícolas automatizados será influenciada por muitos fatores, incluindo maturidade e desempenho tecnológico, condições macroeconômicas, dinâmica geopolítica, decisões regulatórias e mudanças ambientais.

Eles indicam que a oferta de automação deve seguir os seguintes drives. Em primeiro lugar, é preciso ter uma real avaliação do ROI e o valor de curto prazo de equipamentos autônomos. Também aconselham a reinventar a experiência agrícola não apenas com equipamentos automatizados, mas também com um conjunto de software e serviços que criam um ecossistema digital para medir, rastrear e otimizar tudo o que acontece em um campo.

Assim, a adoção da automação e da IA na agricultura irá entregar todos os benefícios esperados. Esse é um caminho sem volta na busca da excelência para o setor.

(*) É especialista em robôs industriais da Mitsubishi Electric.