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Controle estratégico dos principais ectoparasitas do rebanho

em Agronegócio
terça-feira, 16 de julho de 2024

white Nelore cattle in the pasture

Solução revoluciona o controle de carrapatos, moscas dos chifres, berne, bicheira e moscas dos estábulos, oferecendo uma solução inovadora aos pecuaristas

Os ectoparasitas representam uma ameaça significativa ao rebanho bovino brasileiro, causando impactos econômicos substanciais, com perdas estimadas em US$6,8 bilhões anuais (GRISI et al., 2014). Entre os principais ectoparasitas que afetam o gado estão o carrapato (Rhipicephalus microplus), a mosca dos chifres (Haematobia irritans), o berne (larvas da mosca Dermatobia hominis), a bicheira (larvas da mosca Cochliomyia hominivorax) e a mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans).

Os prejuízos determinados por esses ectoparasitas resultam tanto de sua ação direta, como irritação, espoliação de sangue e tecidos nos animais parasitados, quanto dos efeitos indiretos, relacionados aos custos de tratamento, transmissão de doenças e danos ao couro. A irritação dos animais parasitados promove menor bem-estar, dispêndio de energia, menor ingestão de alimentos, interferindo negativamente no desempenho. Na tentativa de se livrarem das infestações os bovinos gastam energia, com movimentos constantes da cabeça, cauda, pernas – coices e batidas dos pés no solo – e até mesmo devido a maior atividade do sistema imune. Aliado a isso, a menor ingestão de alimentos prejudica o desempenho reprodutivo e produtivo, afetando diretamente a rentabilidade da pecuária.

Desta forma, o primeiro passo para combater esse desafio no campo é conhecer melhor como se comportam estes ectoparasitas. Com relação ao ciclo de vida de vida, eles possuem uma fase que ocorre nos animais (hospedeiros) denominada Fase Parasitária, e outra fase que ocorre no ambiente chamada Fase Não Parasitária.

“No caso do carrapato, a Fase Parasitária se inicia quando os estágios jovens (larvas) se instalam e fixam-se nos hospedeiros para se alimentarem e desenvolverem os estágios adultos machos e fêmeas. As fêmeas adultas são denominadas teleóginas (no campo são costumeiramente chamadas de mamonas ou jabuticabas). Ao final da fase parasitária, que tem duração média de 21 dias em condições normais, as teleóginas repletas de sangue e ovos, destacam-se dos hospedeiros e caem no solo, onde buscam locais protegidos da luz solar direta, iniciando a fase não parasitária do ciclo de vida que culmina com o surgimento no ambiente de novas larvas infestantes. Assim, após chegarem ao solo as teleóginas passam por um período de descanso antes de iniciar a postura dos ovos que futuramente originarão novas larvas infestantes. Como toda a fase não parasitária ocorre no ambiente a mesma é fortemente influenciada pelas condições climáticas, especialmente a temperatura e a umidade relativa do ar médias. Assim, o período de descanso antes do início da postura pode ser tão curto quanto 2 dias ou tão longo quanto 90 dias. O período de incubação dos ovos também pode variar tremendamente, ocorrendo entre 15 a 201 dias. Uma vez incubados, os ovos eclodirão e surgirão as larvas infestantes, que necessitam de um determinado período para adquirirem a capacidade de infestar os animais. A sobrevivência dessas larvas no ambiente também é impactada pelas condições climáticas, sendo mais curta durante épocas quentes e mais longa em temperaturas amenas. Então de acordo com as variações climáticas durante o ano teremos variações na intensidade das infestações.” explica Marcos Malacco, médico-veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal.

Como citado, a fase não parasitária é fortemente impactada pelas condições ambientais. Quando estas condições são mais favoráveis ocorrem picos de infestações chamados gerações ou ondas de carrapatos e no Brasil, de maneira geral, ocorre de 3 a 4 destes eventos durante o ano. Em algumas regiões onde a umidade relativa do ar e as temperaturas médias são mais altas podem surgir até 5 destas gerações.

“Devemos ter em mente que na análise global da população de parasitos, incluindo os carrapatos, pelo menos 95% das fases encontram-se no ambiente e apenas 5% encontram-se nos animais. Então, medidas que visem reduzir ao máximo possível a população parasitária no ambiente devem ser tomadas e elas fazem parte do que chamamos de controle estratégico integrado de parasitos”, afirma o profissional