Audreyn Justus (*) |
Em 2008 o Brasil foi considerado o celeiro do mundo, por possuir um papel de destaque na geopolítica da produção agrícola mundial, o que levou a muitos especialistas a atribuir o título de “o pomar do mundo”. Atualmente, o Brasil ocupa a terceira posição como maior exportador de produtos agrícolas no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia, apresentando, nos últimos anos, uma média de crescimento de 9% ao ano. O fato é que o agronegócio brasileiro vem transformando a economia em nosso país, tanto que, em 2019, a soma de bens e serviços gerados no setor chegou a R$ 1,55 trilhão ou 21,4% do PIB brasileiro, além de 43% das exportações terem sido de produtos do agronegócio, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Este é um setor tão importante que tem contribuído no enfrentamento dos efeitos econômicos da pandemia, além de garantir o abastecimento interno de alimentos. Analisando este cenário, percebo que uma das grandes responsáveis por esses números é a tecnologia, que trouxe soluções inovadoras para o campo, contribuindo para o aumento da produção e qualidade dos produtos, além de reduzir o consumo de água, energia e combustível.A agricultura brasileira começou a se modernizar com o uso de aparelhos GPS para reduzir desperdícios de sementes. Atualmente, já são utilizados outros tipos de tecnologia, como, por exemplo, robôs para suprir a falta de mão de obra; software e indicadores de desempenho para controlar a produtividade; geolocalização usada por funcionários para marcar o ponto por meio de aplicativo, reduzindo o desperdício de papel; biotecnologia para produzir diversos tipos de alimentos a custos mais baixos; agricultura de precisão sem o uso de drones, e sim de celulares e balões de gás hélio para prever ciclos de chuva, mapear o gado e a safra; e a análise de dados para obter informações em tempo real e tornar a tomada de decisões mais eficiente.Mas apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, existe um longo caminho a ser percorrido visando a consolidação da agroindústria, com atuação no beneficiamento, transformação e processamento dos produtos, além da necessidade de aumento do estímulo estatal a empreendimentos de pequeno e médio porte.É imprescindível tornar funcional no dia a dia dos agricultores o uso de tecnologias como de análise de dados, já que traz informações fundamentais que ditam o rumo dos negócios, como por exemplo, as condições climáticas que podem influenciar no tratamento do solo e das plantações, e trazer melhorias na produção, controle de pragas, direcionamento do uso correto da água ou de produtos químicos. Um estudo mais profundo pode ser encontrado na pesquisa “Agricultura Digital no Brasil” realizada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Os números apontam que 67,1% dos produtores rurais utilizam a tecnologia para realizar o planejamento das atividades; 59,7% para fazer a gestão da propriedade; e 53,8% para obter o mapeamento da terra. E entre as principais dificuldades apontadas para adoção de novas tecnologias está o valor do investimento para a aquisição de equipamentos e aplicativos, e a falta de conhecimento sobre quais são as tecnologias mais apropriadas.A informação neste momento é o que fará toda a diferença, já que existem muitas aplicações de baixo custo que podem facilitar o trabalho do produtor rural e abrir os caminhos para que ele consiga extrair valor dos dados que possui, como uma das tecnologias que citei anteriormente – agricultura de precisão sem o uso de drones, e sim de celulares e balões de gás hélio para prever ciclos de chuva, mapear o gado e a safra.Durante muito tempo, os agricultores tomaram decisões baseadas apenas pela observação e intuição. Mas, atualmente, a tecnologia está mudando este cenário e com o avanço da transformação digital, já é possível coletar evidências específicas. Para os próximos anos, serão necessários maiores investimentos em tecnologia e em pesquisas, para que o Brasil mude os atuais contextos ambientais e sociais. (*) É Presidente e fundador da Solo Network, o executivo tem mais de 25 anos de experiência no mercado de TI. Já trabalhou em empresas como a Listel e Rede Paranaense de Comunicação. |
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