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Lendas e Verdades sobre o Natal

em Colunistas, Geraldo Nunes
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
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Existe fato mais inusitado do que um menino nascido em uma manjedoura, entre os animais, presenteado por reis magos, ter modificado com suas ideias o rumo da história para se tornar o maior líder religioso do planeta?

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Cristo e o Natal são maravilhosos, conseguem abrir concessões até mesmo para os ateus, que nesta época do ano, acabam tendo que dar presentes a alguém. A festa do Natal continua sendo abrangente e calorosa, apesar de todo o stress que a envolve devido à correria das compras e à ostentação exagerada e anticristã de alguns.

Na origem as comemorações remontam aos tempos de rei Constantino, de Roma, que assumiu o cristianismo e escolheu o dia 25 de dezembro para comemorar o nascimento de Jesus, como forma de substituir a festa ao deus Mitra que anunciava o surgimento do sol em pleno inverno. O Natal dos cristãos foi oficializado no calendário da Igreja Católica pelo papa Julio I, cujo pontificado durou 15 anos, entre 337 e 352 d.C.

Conta o evangelho de São Lucas que um anjo anunciou a Maria que ela daria à luz um filho, mesmo sem ter coabitado com homem algum, e este seria o filho de Deus. Na véspera do nascimento, Maria e José viajaram de Nazaré a Belém e como não havia lugar em nenhuma estalagem tiveram que passar a noite num estábulo, entre bois e cabras, sendo ali mesmo que Jesus nasceu, sendo enrolado em panos e deitado sobre as palhas.

Magos Baltazar, Belchior e GasparAntes mesmo dele nascer, entretanto, já falavam de sua chegada tanto que os magos, Baltazar, Melchior e Gaspar se dirigiram a Belém para entregar presentes, sendo guiados por uma estrela. Quem disse a eles que ali nasceria o messias tão citado no velho testamento? Não se sabe.

Existem outros mistérios que envolvem o nascimento de Cristo, daí o surgimento de tantas lendas e tradições, alguma delas contidas também nos evangelhos apócrifos. Com a difusão do cristianismo e a implantação do catolicismo por Constantino, a tradição do Natal espalhou-se pela Europa. Diziam os antigos que um pinheiro, colocado dentro de casa por ocasião das festas, propiciaria fartura para o ano todo.

Diz a lenda que a primeira árvore de Natal foi montada na Alemanha, pelo costume ter surgido na Baviera, e o hábito de trocar presentes veio mesmo por influência dos magos que ofereceram ouro, incenso e mirra. “O primeiro presente evidencia a presença de um rei entre nós; o incenso é usado no sacrifício a Deus; a mirra, por fim, embalsama os corpos dos mortos”, disse o papa Bento XVI em uma de suas homilias, em 2010.

Já a figura do Papai Noel, que nada mais tem a ver com a Igreja, nasceu inspirada na figura de um santo católico chamado Nicolau, que costumava presentear as três filhas de um amigo dele muito pobre, todos os anos na época do Natal. Ao morrer, todos passaram a se referir à figura caridosa deste senhor que acabou canonizado. Nos Estados Unidos é chamado de Santa Claus; na Inglaterra, Father Christmas e em Portugal, Papai Natal.

As crianças chinesas não recebem presentes no Natal, mas durante as celebrações do ano novo chinês que acontece em janeiro. Elas também conhecem o Papai Noel, só que pelo nome de Dunche Lao Ren. As renas do Papai Noel possuem nomes: Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder e Blitzen. Decorou? Sua casa é na Lapônia, norte da Finlândia.

papai-noel-no-treno-wallpaper temprorioJá o presépio que representa o nascimento de Jesus em pequenas estátuas, foi imaginado por São Francisco de Assis, em 1223. As velas que significam a boa vontade em relação ao Natal, no passado, eram colocadas nas janelas das casas. Os cartões de natal são mais recentes, de 1843, criados na Inglaterra por John Horsley que o ofereceu a um amigo, Henry Cole e este gostou tanto, que sugeriu fazer cartas rápidas para que todos felicitassem os familiares.

Desde a sua origem, o Natal é carregado de magia. Os ritos e cantigas surgiram por sugestão da Igreja como forma de teatralizar o nascimento de Cristo e assim evangelizar. As cenas foram ganhando modificações ao longo dos séculos sem perder o sentido da confraternização. Deste modo chegamos ao Natal que temos hoje.

Sendo assim, Feliz Natal!

(*) Geraldo Nunes, jornalista e memorialista, integra a Academia Paulista de História. ([email protected]).