Rogério Borili (*)
O setor precisa estar preparado para usufruir, ao máximo, da desoneração de impostos.
O crescimento das exportações de veículos compensou parte da queda do mercado interno, impactado pela crise do País e, ainda contribuiu para reduzir os níveis de ociosidade no setor, garantindo trabalho e preservando empregos. As exportações aumentaram 55,7% em relação aos nove meses de 2016. Foram 566.266 veículos embarcados contra as 363.684 no mesmo período do ano anterior.
Para 2017, a meta é exportar 745 mil veículos, segundo a Anfavea. O que o setor aprendeu com isso é que as exportações não podem parar de crescer. É vital para o País e para as empresas continuar priorizando o comércio exterior, mesmo quando o mercado interno voltar a crescer.
As exportações, menos reféns das inconstâncias locais, são um caminho “saudável” para reduzir o “Custo-Brasil”, assegurar empregos, aumentar a competitividade e a qualidade do produto nacional por um caminho já conhecido pelo setor: o uso correto dos benefícios concedidos pelo governo às empresas. Isso desonera tributos e ainda pode trazer “dinheiro novo” para quem exporta.
Um exemplo disso é o benefício gerado pelo Drawback, na modalidade Isenção. Mesmo quando houver a retomada do mercado interno, é possível aproveitar os benefícios gerados pela exportação para isentar impostos para insumos que serão utilizados no mercado nacional. É um estoque de benefícios de quem exportou para reduzir a carga tributária e repor seus estoques.
O benefício que a empresa não solicitou fica no seu estoque e pode ser utilizado para repor um insumo importado sem tributos mesmo para uso nacional. É uma forma de usar os créditos das exportações feitas hoje para isentar importações futuras da cadeia de fornecimento por até dois anos.
O setor precisa estar preparado para usufruir, ao máximo, da desoneração de impostos.
Para estar em dia, as empresas já precisam ter implantado as operações de Recof-Sped, assim vão conseguir reduzir ou isentar a carga tributária. Em paralelo, precisam trabalhar o Drawback Intermediário, para se aproveitar da importação dos insumos na cadeia de fornecimento.
Reintegra, Drawback, Recof, ou ainda a combinação de mais de um benefício, a partir uma análise especializada, podem proporcionar uma redução de até 14% dos tributos para as exportadoras. Isso causa um impacto altamente positivo nos custos de produção.
O aumento das vendas para os mercados externos é a grande oportunidade da indústria. Exportar com lucro é possível e necessário para reduzir o custo- Brasil. É uma lição que a crise ensinou.
É um caminho sem volta. Ainda bem!
(*) – É vice-presidente da Becomex (www.becomex.com.br).