Em seu primeiro pronunciamento após ter sido denunciado por corrupção passiva, o presidente Temer disse ser vítima de uma peça de “ficção” e fez insinuações sobre as motivações do procurador, Rodrigo Janot. Cercado por aliados, negou as acusações que pesam contra ele, sempre ressaltando que é originário do ‘mundo jurídico’. “Sob o foco jurídico, minha preocupação é mínima”, garantiu.
Segundo Temer, ele sofreu um ataque “injurioso, indigno e infamante” contra sua “dignidade pessoal”. “Fui denunciado por corrupção passiva sem jamais ter recebido valores. Nunca vi o dinheiro e nunca participei de acertos para cometer ilícitos”, reforçou. A denúncia de Janot acusa o presidente de ser o destinatário dos R$ 500 mil dados pelo frigorífico JBS ao ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, como propina para o peemedebista favorecer a empresa junto ao Cade.
“Onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Abriu-se um precedente perigosíssimo em nosso direito”, declarou Temer. Primeiro ele voltou suas armas contra Marcelo Miller, que era assistente do procurador-geral na Lava Jato até março e trocou o emprego no MP para trabalhar no escritório que negociou o acordo de leniência do grupo JBS.
“Ganhou milhões em poucos meses, o que levaria décadas para poupar. Garantiu a seu novo patrão um acordo benevolente, uma delação que o tira das garras da Justiça. E tudo ratificado pelo procurador-geral”, disse Temer.
Em seguida, insinuou irregularidades no trabalho de Janot. “Poderíamos concluir que, talvez, os milhões não fossem unicamente para o assessor de confiança que deixou a PGR. Mas não farei ilações, não denunciarei sem provas”, ironizou. Para Temer, Joesley e o procurador-geral criaram uma “trama de novela” contra ele. “A denúncia é uma ficção. O desespero de se safar da cadeia foi o que moveu o cidadão Joesley e seus capangas”, ressaltou, acrescentando que a denúncia se baseia em “provas armadas e conversas induzidas” (ANSA).
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