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Tecnologia 16/03/2017

em Tecnologia
quarta-feira, 15 de março de 2017
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Blockchain: todos os negócios serão impactados

Aquilo que a Internet representa para as comunicações, o Blockchain vai representar para os negócios; e já está sendo chamado de a “Internet dos Negócios”

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Fernando Wosniak Steler (*)
Aurimar Harry Cerqueira (**)

De acordo com Don Tapscott, em artigo para a Harvard Business Review, publicado em maio de 2016, “Na década de 90, os gerentes mais inteligentes trabalharam duro para entender a Internet e como ela afetaria seus negócios. Hoje, a tecnologia de Blockchain está inaugurando a segunda geração da Internet, e se as empresas não quiserem ficar para trás, terão de fugir do dilema do inovador e romper com aquilo que está estabelecido.”

Blockchain, do inglês “Encadeamento de Blocos”, são bases de registros e dados distribuídos e compartilhados que possuem a função de criar um índice global para todas as transações que ocorrem em um determinado mercado. Funciona como o livro-razão da contabilidade, só que de forma pública, compartilhada e universal, que cria consenso e confiança entre todas as pessoas, sobre todas as informações, todos os saldos, e todas as transações das contas de cada registro transacional ou comercial.

Não parece simples entender o conceito de Blockchain de primeira mão. Há décadas atrás, também não era fácil entender a Internet, e para a maioria das pessoas continua não sendo fácil compreender os conceitos de cloud, rede, cliente/servidor, TCP/IP, IPV4/IPV6, etc. porém, mesmo não entendendo nada sobre tecnologias de redes, a maioria das pessoas usam a Internet a todo instante e nem se dão conta disso.

Blockchain é a tecnologia que tornou possível, por exemplo, a moeda digital e está por trás do Bitcoin, a criptomoeda mais utilizada no mundo. Blockchain também está por trás dos Smart Contracts, os Contratos Inteligentes que se auto executam baseado em regras entre as partes, que geram consenso e confiança pública sobre as regras estabelecidas, sem a necessidade de um intermediário, mas este é um assunto que fica pra depois.

Tudo começou com um padre em 1494…
A palavra central que explica o Blockchain é o termo “ledger”, que em inglês significa livro-razão em contabilidade. É um conceito datado do século XV e que envolve, tipicamente, um balanço inicial de ativos, tangíveis ou não tangíveis, diversas operações de débito e crédito detalhados em colunas separadas e um balanço final. Razão é um “índice” feito para todas as transações que ocorrem em uma determinada companhia ou mesmo em um governo – afinal, já sabemos: para todo crédito, existe um débito. Podemos dizer que o Blockchain é uma espécie de Livro-Razão de um mercado inteiro, público, distribuído e compartilhado, indo muito além das fronteiras de uma única companhia ou de um governo.

No livro Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita, escrito em 1494, o frei franciscano Luca Pacioli (1445-1517) desenvolveu os primeiros estudos de matemática para serem utilizados em contabilidade. Nestes estudos, o frei utilizou, entre outras coisas, a observação da movimentação de feiras livres com o intuito de compreender o Método das Partidas Dobradas, que é o sistema padrão universal de débito e crédito utilizado até hoje pelas empresas, governos e mercados mundiais, e não obstante, é estudado ainda hoje como matéria básica nos cursos de administração e negócios.

Apesar do mercado atualmente ser complexo no que diz respeito às formas de comercialização, comunicação e transação financeira, nas primeiras feiras livres da humanidade já encontrava-se toda a gênese das transações comerciais e financeiras, que, por incrível que pareça, ainda utilizamos em pleno século XXI.

Ainda trocamos dinheiro por algo que damos mais valor. Porém, desde as primeiras transações comerciais que a humanidade presenciou, um problema ainda continua a persistir: existe uma dificuldade intrínseca de conciliação entre os diversos “livros-razões” de todos os diferentes agentes de um mercado ou governo e isso gera falta de confiança e burocracia em transacionar algo com quem você não conhece ou nunca viu. Esse problema é o grande responsável por todas as ineficiências que conhecemos no atual mundo dos negócios, como os altos custos de transação, demora de conciliação, fraudes, falta de confiança, necessidade de intermediários, fiscalização demasiada, burocracia, papelada, presença física etc.

O fato é que quando existem meios físicos para a troca de valor, como dinheiro vivo, ouro em espécie ou até um carro, com a presença de um intermediário regulador para fiscalizar as trocas, tudo se torna possível. Muito burocrático e ineficiente, mas possível – e esta é a forma que os negócios ao redor do mundo funcionam. O principal problema que uma autoridade central fiscalizadora precisa resolver é conhecido como “double-spending”, traduzido como duplo-gasto, já que não podemos gastar duas vezes o mesmo valor. Isso quebraria todo o sistema econômico.

Porém, quando falamos de duplo-gasto no meio digital tudo fica muito mais complicado: o valor puramente eletrônico que estava com você, quando é repassado para outra pessoa, pode continuar com você, afinal de contas, é somente uma cópia. Então, como resolver esse problema da troca de ativos digitais, sem a presença de uma autoridade monetária central fiscalizadora? Pergunta relevante, mas percebe-se que os governos com suas moedas oficiais e instituições financeiras estabelecidas podem ficar de fora dessa.

Blockchain resolve a troca de valores e contratos digitais
Como é possível você transferir uma moeda virtual, digamos de 1 Bitcoin (BTC), para outra pessoa e todos nós acreditarmos que esse valor realmente saiu da sua carteira digital e entrou na carteira digital do outro? Como podemos fazer para que uma pessoa não fique criando moedas a esmo? Simples: crie um único índice global com todas as transações realizadas e aplique uma forma irrefutável de consenso entre todos os participantes. Faça uma espécie de contabilidade compartilhada e mundialmente fiscalizada por literalmente todos os usuários, tornando a fraude e a adulteração algo extremamente difícil, beirando o impossível. Hoje, para alguém fraudar o Bitcoin, terá que combinar com mais da metade do mundo, pois todos possuem uma cópia do índice de todas as transações que já ocorreram. Qualquer mudança no histórico não é aceita. Precisaria mudar o banco de dados de todas as milhões de cópias que estão em poder de milhões de pessoas.

Notem que a busca pela confiança é a principal questão que a estrutura de Blockchain pretende resolver. Só podemos confiar em algo em que exista consenso. Uma estrutura de transação comercial que todos podem confiar e que evita gastos duplos, falsificação e adulteração de dados, aliados a uma contabilização aberta e transparente que não depende de uma autoridade central é a solução que a humanidade sempre perseguiu.

Por essa razão que o Blockchain é algo disruptivo, pois vai mexer com todas as formas de se fazer negócios, quer seja localmente ou globalmente.

(*) É Empreendedor Endeavor, fundador e CEO da Direct.One, empresa que ajuda grandes corporações a enviarem mensagens e documentos transacionais aos seus clientes, simplificando o processo de geração, entrega e análise de comunicações multicanal.
(**) É Empreendedor Endeavor, foi fundador e CEO da Impactools, empresa de tecnologia dedicada ao ramo segurador e, atualmente, é membro do conselho da Direct.One.

Inscrições para o BMG Digital Lab são prorrogadas até segunda-feira (20/03)

O Banco BMG lançou, no mês passado, a primeira fase do programa BMG Digital Lab, voltado à contratação de soluções digitais para elaboração de pilotos. Os interessados em participar ganharam mais alguns dias para se inscrever: o novo prazo vai até a próxima segunda-feira (20/03). O intuito é firmar parcerias com startups em estágio avançado, desenvolvendo projetos ligados ao ecossistema empreendedor. O benefício é um contrato de três meses com o Banco BMG, período em que os empreendedores e a instituição financeira conduzirão um projeto-piloto que aprimore a relação entre a corporação e sua base de clientes.
A ideia é trabalhar em conjunto com essas startups, criando produtos e serviços que tenham conexão com o negócio do banco. “Dentro do nosso DNA de pioneirismo e nossa visão empreendedora, queremos colocar o know how e a tradição do banco a favor de propostas inovadoras. É o que temos feito ao longo da nossa trajetória: identificar e trazer para dentro da instituição projetos inovadores e ligados à tecnologia”, destaca o diretor executivo do Banco BMG, Eduardo Mazon.
A parceria com a ACE, melhor aceleradora de startups da América Latina, dá ainda mais força ao programa. “Geralmente, é muito difícil para uma empresa que desenvolveu uma solução digital acessar um grande cliente, como o Banco BMG. E a ACE, com toda sua expertise na avaliação de startups e novos negócios, vem para fechar esse gap e assessorar o banco nesse trabalho inovador para o meio digital”, diz Arthur Garutti, COO da ACE.
As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de março, diretamente em um formulário disponibilizado no site http://bit.ly/BMGDigitalLabs. “O importante, além de atender a uma das teses do programa, é que o empreendedor envie um breve descritivo do que é a sua solução e de como pode prestar serviço para um dos bancos mais inovadores do mercado”, orienta Thiago Ururahy, head do ACE Corp, unidade de negócios responsável por fazer a ponte entre grandes empresas e startups.

A qualidade dos dados importa muito no universo da Internet das Coisas

Carlos Eduardo Salvador (*)

Há muita empolgação – e uma enxurrada de puro sensacionalismo – em torno das inúmeras possibilidades oferecidas pela nova onda da Internet das Coisas (IoT)

A IoT oferece inteligência e transparência às empresas que procuram compreender melhor o mundo à sua volta. As projeções de mercado ao redor do tema estão subindo para a faixa de bilhões. Por exemplo, o BCG divulgou estimativas que apontam que os gastos entre empresas (B2B) com tecnologias, aplicativos e soluções de IoT irão alcançar a marca de US$ 267 bilhões nos próximos três anos, e as despesas com essas análises deverão gerar US$ 21,4 bilhões nesse mesmo período.
Não resta dúvidas de que a quantidade dos dados é a essência da IoT. No entanto, também é necessário aumentar a qualidade dos dados gerados pelos dispositivos conectados a essa infraestrutura e que, posteriormente, são transmitidos às empresas e aos tomadores de decisão. Eles precisam ser de total confiança.
Sam Ransbotham, escrevendo para o MIT Sloan Management Review, explorou recentemente as implicações do desafio da confiança nos dados à medida que ingressamos na era da IoT. Ele e seus colegas estão descobrindo, por exemplo, que a confiança é a peça que faltava para completar o quebra-cabeça da IoT e fazê-la funcionar.
A boa notícia é que a qualidade dos dados aumenta à medida que as implementações da IoT amadurecem. Isso pode refletir um ciclo de aprendizagem e melhoria contínua, à medida que uma rede baseada na IoT torna-se parte importante dos negócios. “Constatamos que a evolução da experiência em projetos está associada a melhorias na pontualidade, atenção aos detalhes, precisão e confiabilidade dos dados”, relata Ransbotham. “O aumento do volume de dados provenientes de dispositivos da IoT parece inevitável. Mas, além disso, as organizações têm aprimorado com o passar do tempo sua capacidade de obter dados de maior qualidade, e não apenas em quantidades maiores”.
A pontualidade dos dados apresenta enorme impacto nas percepções de qualidade, “Cerca de 40% dos entrevistados cujas organizações não utilizam a IoT ativamente relataram que seus dados são ’em sua maioria’ ou ‘ em sua totalidade’ pontuais o bastante. Em contrapartida, dentre os entrevistados que possuem dois anos ou mais de experiência com a IoT, 76% afirmaram que seus dados são suficientemente pontuais”. É importante notar que “Os atrasos associados a coleta de dados diminuem bastante à medida que os sistemas monitoram e transmitem as informações mais próximas de sua origem”.
À medida que as empresas dependem mais e mais dos dados da IoT para uma série de funções (Ransbotham identificou áreas como a melhoria da experiência do cliente, alerta precoce sobre mau desempenho e falha de equipamentos e alertas automatizados para sistemas de missão crítica), a confiança nesses dados precisa estar sempre em alta.
De que maneira a qualidade dos dados pode ser abordada nas iniciativas de IoT cada vez mais requisitadas? Sua padronização é fundamental, pois garante que dados provenientes de diferentes fontes falem a mesma língua. Além disso, os dispositivos e as redes da IoT precisam ser seguros para evitar adulterações.
Thomas Davenport, guru da análise de dados do Babson College e MIT, também sugere às empresas que exijam padrões elevados dos fabricantes de dispositivos. “Insista com seu fornecedor de dispositivos para que ofereça pelo menos dois níveis de calibragem”, escreveu ele em uma publicação, no ano passado. “Primeiro, deve haver uma calibragem rigorosa antes que o dispositivo deixe a fábrica, e uma rotina de calibragem no momento da instalação para garantir que o dispositivo funcione conforme o esperado. Segundo, é necessário manter essa rotina de forma contínua para garantir que o dispositivo permaneça funcionando corretamente. O ideal é que a instalação e a calibragem sejam integradas e automatizadas”. Por fim, adverte Davenport, “Não se deve esperar perfeição, especialmente quando se trata de dispositivos novos. Mas insista em um processo de aprimoramento rápido”.
Tal como acontece com tudo na área corporativa de TI, big data e IoT nos últimos tempos, a melhoria contínua é a chave do sucesso. Especialmente quando estamos tratando dos dados em que confiamos para orientar nossas organizações.

(*) É gerente sênior de pré-vendas da Informatica