O presidente do TSE, Gilmar Mendes, criticou a atuação do TST. |
O ministro do STF, Gilmar Mendes, disse na sexta-feira (21) que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) desfavorece as empresas em suas decisões. “Esse tribunal é formado por pessoas que poderiam integrar até um tribunal da antiga União Soviética. Salvo que lá não tinha tribunal”, disse em tom de brincadeira, fazendo rir a plateia do seminário que tinha como tema ‘Soluções para Infraestrutura no Brasil’. “[Eles têm] uma concepção de má vontade com o capital”, continuou ao palestrar no evento promovido pela Abdib e Amcham.
Para o ministro, o tribunal defende além do necessário os trabalhadores ao analisar as causas. “Eu tenho a impressão de que houve aqui uma radicalização da jurisprudência no sentido de uma hiper proteção do trabalhador, tratando-o quase como dependente de tutela, em um país industrialmente desenvolvido que já tem sindicatos fortes e autônomos”, acrescentou em entrevista após a exposição.
Na sua opinião, os problemas que ele aponta podem estar relacionados à própria composição do TST. “A mim parece que essa foi uma inversão que se deu. Talvez um certo aparelhamento da própria Justiça do Trabalho e do próprio TST por segmentos desse modelo sindical que se desenvolveu”, disse. Procurado, o TST informou que não vai se pronunciar sobre as declarações do ministro Gilmar Mendes.
As críticas de Mendes foram, durante sua palestra, estendidas à Justiça como um todo. “A Justiça brasileira é a mais cara do mundo”, ressaltou ao citar os dados de um estudo divulgado nesta semana pelo CNJ, que indicou ser de R$ 79,2 bilhões em 2015, as despesas totais do Judiciário brasileiro, representando 1,3% do PIB. Segundo o levantamento, cada cidadão pagou no ano passado R$ 387,56 para garantir o funcionamento do serviço de Justiça. “Às vezes custa muito para dar pouco resultado”, enfatizou Mendes (ABr).