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Brexit e a felicidade

em Opinião
quarta-feira, 29 de junho de 2016

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Filósofos e pesquisadores começam a fazer comparações entre as religiões procurando nexos entre elas e o que dizem sobre a felicidade.

Em vez de nos preocuparmos com isso, melhor seria a busca da compreensão do significado da evolução espiritual da humanidade. Desde longa data, os seres humanos se afastaram da vida real e de sua origem, esquecendo-se de que cada resolução individual traça-lhes a trajetória que terão de percorrer na Criação. No livro de minha autoria – A Trajetória do ser humano na Terra (Madras Editora) – procuro aprofundar essa questão, apresentando um panorama geral da evolução espiritual do ser humano.

Para desenvolver esforço de compreensão é necessário manter o foco dos pensamentos livre das invejas, tensões, obsessões e preocupações. O cérebro sereno se abre para a intuição, como já afirmava o físico Albert Einstein, e esta é o grande presente que recebemos para entender a vida. A criatividade pode vir de uma associação de ideias, mas essa associação geralmente é precedida de um lampejo intuitivo, algo que vem de dentro, para nos alertar e orientar, para que o cérebro lúcido faça as necessárias adequações.

Tudo isso se reflete nos acontecimentos atuais. Descontentes com a vida, com a estagnação dos salários e a pouca felicidade, 52% da população inglesa disse sim à separação da Europa, considerada por eles como a causa da falta de melhores empregos e queda no padrão de vida, deixando de considerar os benefícios decorrentes da unificação europeia.

De outra parte, a indústria do Ocidente já não via com bons olhos a elevação do custo da mão obra. Nesse ínterim, percebeu-se que sobravam trabalhadores desocupados na Ásia. Está correto que esses trabalhadores buscassem melhorar seu padrão de vida, mas o processo foi na base do desequilíbrio, transferindo-se para a Ásia grande parte das fábricas, visando o mercado externo, reduzindo os empregos, precarizando tudo, em vez de produzir para o consumo deles mesmos, usando o excedente para exportar.

Além de unificar as fronteiras e barreiras comerciais, o mercado europeu também deu ensejo ao surgimento de uma nova moeda, o Euro, uma nova alternativa diante da supremacia do dólar. A questão é que a Europa não é uma unidade federativa como os EUA, então teriam que ocorrer distorções no manejo da moeda, dificultando a convivência. Hoje muitos países estão assoberbados pelas dívidas gerando uma guinada do bem estar social para a austeridade.

O Brexit, o afastamento da Inglaterra da União Europeia, não vai solucionar esse problema, pois falta um consenso global para alcançar o progresso equilibrado e o bem geral para assegurar a paz entre os povos. Trata-se de decisão recente cujas consequências são de difícil avaliação, e que provocam aumento das preocupações dos líderes quanto ao futuro. Alan Greenspan, que presidiu o FED entre 1987 e 2006, avalia que a saída dos britânicos da União Europeia terá efeitos desestabilizadores que poderão aumentar a fragmentação regional, e que isso é apenas a ponta do iceberg.

O mundo precisa estabelecer o equilíbrio entre produção, comércio, trabalho e consumo. A globalização permitiu racionalizar os custos, mas criou o poço da precarização, o desaparecimento dos empregos e, desde os anos 1980, o continuado aumento das dívidas e dificuldades para a população. É preciso acabar com o descontrole fiscal permanente mantido por políticos inadequados para governar. Juros e inflação não podem ser separados da produção e nível de empregos.

Falta buscar com seriedade a fórmula para baixar juros, aumentar produção e empregos e manter a estabilidade da moeda.

(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; O Homem Sábio e os Jovens; Desenvolvimento Humano; e A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade ([email protected]).