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É melhor ser perfeito ou excelente?

em Artigos
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Eduardo Shinyashiki (*)

A excelência é muitas vezes confundida com o perfeccionismo.

O perfeccionismo é um inimigo invisível, um obstáculo que leva muitas pessoas, especialmente no contexto profissional, a não agir e a bloquear uma ação por medo de não atingir aquilo que julgam “perfeito”. O profissional perfeccionista foca sempre nos seus defeitos e nas imprecisões do seu trabalho, elevando, assim, o estresse, a ansiedade e o sentimento de frustração.

Se o desejo de melhorar é certamente positivo, se levado à exasperação e ao extremo, prejudica o profissional e se torna negativo. Precisamos evitar que pequenos e simples erros se tornem catástrofes emocionais por causa de um modelo de perfeição que destrói a autoestima e a autoconfiança, distanciando cada vez mais o indivíduo da concretização dos resultados, da realização e da satisfação pessoal.

Quando repensamos continuamente e exaustivamente em cada detalhe de uma atividade com o anseio de que ela seja perfeita, o risco de perder de vista a maneira de atingir o objetivo é muito maior. O perfeccionista não dá o primeiro passo, mas se perde nos detalhes não enxergando mais o resultado.

É mais produtivo ir em direção à excelência e à vontade de melhorar constantemente do que buscar um padrão ilusório de perfeccionismo, conceito absoluto, de parâmetros e regras fixas, um labirinto e um círculo vicioso onde não se encontra a saída. Se ir em direção à excelência significa querer expandir, aprender e estar aberto a novos estímulos, o perfeccionismo nos aprisiona em uma camisa de força onde o nosso agir é limitado e bloqueado.

A excelência é muitas vezes confundida com o perfeccionismo, mas não são equivalentes, pois o perfeccionista vive na necessidade de ser invulnerável, buscando a imagem perfeita, a ação perfeita, a palavra perfeita, e cai, assim, na frustração e no fracasso, vivendo uma fachada de proteção que elimina a autenticidade da sua vida e coloca o medo de ser descoberto nas suas imperfeições, como dono das suas ações.

A excelência é flexibilidade, pois não tem parâmetros fixos ou regras a seguir. Buscar a excelência naquilo que se faz significa se preparar e se colocar nas melhores condições para enfrentar cada situação naquele determinado momento. A excelência inclui o fracasso e os erros vividos não como uma derrota, mas como resultados sobre os quais trabalhar e focar mais.

Ela se torna então uma arte aprimorada por meio do hábito e do exercício de usar as próprias qualidades e potencialidades, perseverando no tempo para conseguir os objetivos escolhidos e buscando melhorar a cada dia com a consciência de que não somos infalíveis, mas sim pessoas em contínua evolução.

(*) – Palestrante, consultor organizacional, especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. É presidente do Instituto Eduardo Shinyashiki e autor, entre outros, de Sonhos em Vida (www.edushin.com.br).