A safra brasileira de grãos atingirá, em 2016, o sétimo recorde consecutivo de produção, aponta a estimativa de janeiro feita pelo IBGE. Serão colhidas 210,7 milhões de toneladas, e quase metade disso vem apenas da soja. O milho, porém, deve ser prejudicado pelo atraso no regime de chuvas do Centro-Oeste.
“Neste ano, a chuva atrasou no Centro-Oeste, o que retardou o plantio de soja e deve atrapalhar o milho de 2ª safra”, disse Carlos Barradas, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE. “Hoje, não se sabe se vai ter janela para chuvas beneficiarem plantação de milho”. O fator climático, somado à tendência de substituição do milho 1ª safra por soja, deve reduzir a oferta de milho no mercado doméstico no primeiro semestre, com repercussão sobre os preços do grão e de produtos que o utilizam como matéria-prima, como rações e carnes, advertiu Barradas.
Por outro lado, a soja terá um crescimento de 5,8% em sua produção em 2016. Serão 102,7 milhões de toneladas, um volume recorde nas estimativas do IBGE, iniciadas em 1975. O montante, porém, encolheu 0,1% em relação ao estimado em dezembro, com reduções em Mato Grosso (o maior produtor) e Goiás. Os técnicos vão permanecer atentos a repercussões do clima sobre as lavouras. No sul de Mato Grosso do Sul, uma área importante para a produção de soja e milho, as chuvas foram escassas ao longo do mês de janeiro. “Isso acaba afetando as produções de soja e milho”, afirmou o gerente.
Em 2016, a produção de café arábica, o principal desenvolvido no País, deve totalizar 2,3 milhões de toneladas, 15,7% a mais do que no ano passado. “Em 2014 e 2015 tivemos quebra muito grande. Primeiro, houve estiagem muito forte em São Paulo e no sul de Minas Gerais. Já no ano passado, houve problema sério no cerrado mineiro”, explicou Barradas. “Quer dizer, foram dois anos de produção baixa do café, apesar das exportações elevadas. Com isso, houve redução dos estoques, e os preços vêm se mantendo, estimulando o plantio”.
No caso do feijão, a primeira safra, que não é irrigada e depende do clima, tem apresentado boas estimativas. Na comparação com 2015, o avanço na colheita será de 18,6%, segundo o levantamento do IBGE, com 1,591 milhão de tonelada. Estados do Nordeste são os mais beneficiados pelas chuvas. O Ceará, por exemplo, terá incremento de 268,2% na produção. No Piauí, o avanço será de 111,8%. “Tivemos quatro anos de seca no Nordeste, mas este ano está muito melhor. É uma espécie de redenção”, disse o gerente do IBGE (AE).
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