Como reflexo de uma dos piores desempenhos de vendas desde 2007, 492 concessionárias foram fechadas no primeiro semestre deste ano, causando a demissão de cerca de 12 mil trabalhadores, informou ontem (2), o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção.
Segundo o dirigente, as concessionárias consideradas fechadas são aquelas que não faturaram nenhum veículo no primeiro semestre, mas que poderão reabrir no futuro. Ele acrescentou que, no período, outras 250 lojas foram abertas, gerando um saldo de 242 concessionárias que deixaram de operar, o equivalente a 3% das cerca de 7,9 mil empresas que o setor possui.
Assumpção previu que o número de demissões poderá chegar a 20 mil trabalhadores até o final do ano, o que corresponde a aproximadamente 3% dos 410 mil funcionários que setor emprega atualmente. Até o início de maio, o executivo estimava que esse número poderia chegar a 40 mil funcionários. “Reduzimos nossas estimativas em virtude de que achamos que o ajuste grosso já ocorreu”, explicou.
O executivo acredita que o setor só deve apresentar alguma recuperação a partir de 2016. “E mesmo assim, bem gradual”, ponderou. De janeiro a junho, as vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus caíram 20,67% em relação a igual período do ano passado. A previsão da Fenabrave é de que os emplacamentos encerrem 2015 com queda de 23,87% ante 2014.
O estoque de veículos nos pátios das fábricas e concessionárias era equivalente a 49 dias de vendas em junho deste ano, o correspondente a entre 323 mil e 325 mil unidades encalhadas, informou nesta quinta-feira, 2, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção. Segundo ele, esse nível supera em 10 dias o estoque registrado em junho do ano passado e é igual ao de maio.
Assumpção avaliou que o estoque está em níveis “muito elevados”. Para o setor, um estoque considerado normal é equivalente a 30 dias de vendas. “Várias fábricas estão em processo de redução temporária de produção. Com tudo isso, acredito que em até 60 dias esse estoque poderá ser reduzido”, afirmou durante entrevista coletiva para comentar o desempenho das vendas de veículos.
A Fenabrave considera que o setor chegou ao “fundo do poço”, avaliou a economista Tereza Fernandes, da MB Associados, que presta consultoria econômica para a entidade. De acordo com ela, a previsão para o segundo semestre é de que o desempenho dos emplacamentos seja igual ao dos seis primeiros meses de 2015.
Tereza destacou que, mantidas as atuais condições econômicas e políticas, “não há como imaginar um cenário muito diferente” do que a projeção da entidade de queda de 23,87% nos emplacamentos em 2015 ante 2014. “A princípio, não pretendemos mudar nossas projeções, mas as incertezas políticas e econômicas estão tão elevadas, que não sabemos o que pode acontecer mais”, ponderou a economista (AE).
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