Em foco, o final da guerra

em Heródoto Barbeiro
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Heródoto Barbeiro (*)

O foco da reunião é colocar um fim à guerra.

O presidente norte-americano e o líder russo têm visões semelhantes. Milhões de pessoas morreram no conflito e a maior parte dos mortos são russos, ucranianos e outros povos da Europa Oriental.

Há desconfiança de parte a parte das delegações americana e russa sobre o que vai acontecer com os países que fazem fronteira com a Rússia. Se prevalecer o ponto de vista do líder russo, vastas regiões deverão se tornar estados-tampão para proteger o seu país contra um avanço de forças europeias.

Para isso, precisa da anuência dos Estados Unidos para manter tropas de ocupação no território que foi conquistado durante o conflito. A princípio, os analistas concordam que haverá uma solução negociada e sem maiores ameaças à paz.

O mundo acompanha com interesse o que vai ser decidido pelas duas potências – e aos demais países não resta alternativa senão aceitar as decisões, ainda que isso signifique a repartição de países, mudanças de fronteiras e o deslocamento de milhões de pessoas. O idioma é o mote do líder russo. As fronteiras devem respeitar as populações que falam russo, ainda que estejam fora das atuais fronteiras do país. Ou seja, se tem povo russo na Ucrânia, ela deve gravitar em torno da Rússia.

Os Estados Unidos reagem com a lembrança de que essa política já foi conhecida como o lebensraum, o espaço vital, bandeira que os nazistas hastearam ao anexar a Áustria, parte da Tchecoslováquia e ao invadirem a Polônia, que levou o mundo à Segunda Guerra mundial. Há mesmo quem acredite que o que se propõe é um renascimento do movimento pan-eslavista, acalentado pelo antigo Império Russo no final do século 19 e início do 20.

Será uma volta ao passado??? A reunião tem como cenário a cidade destruída pelos bombardeios russos. O subúrbio onde se realiza o encontro tem um caráter simbólico, mostrar ao mundo o que restou do III Reich. Tropas aliadas ocupam a capital Berlim onde se encontram o presidente americano democrata, Harry Truman, e o ditador da União Soviética, Josef Stálin.

Sobre a mesa, o mapa da Europa Oriental com as pretensões soviéticas de implantar a ditadura do proletariado, com a ajuda dos partidos comunistas locais, nos países que fazem fronteira com a União Soviética. O terceiro participante da reunião em Potsdam é o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Aparentemente, são dois a um a favor do Ocidente. Contudo, os territórios orientais estão ocupados por tropas soviéticas e até mesmo Berlim está totalmente imersa nas conquistas dos vencedores da guerra. Consolida-se o que Churchill chama de Cortina de Ferro.

Abrem-se as cortinas e inicia-se a Guerra Fria em 1945, parodiando o locutor esportivo.

(*) – É âncora do Jornal Nova Brasil e colunista do R7. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Palestras e mídia training (www.herodoto.com.br).