O LignoSat, um satélite de madeira desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Kyoto e da empresa madeireira japonesa Sumitomo Forestry, foi enviado à Estação Espacial Inernacional (ISS).
Vivaldo José Breternitz (*)
O satélite foi transportado por uma missão de reabastecimento da SpaceX. Dentro de aproximadamente um mês, o LignoSat satélite deixará a ISS, entrando em órbita com o objetivo de ter sua durabilidade testada nas condições do espaço, verificando se a madeira pode ser usada como material alternativo para a construção de satélites, de forma a reduzir a quantidade de lixo em órbita da Terra.
Já em 2022, os pesquisadores da Universidade de Kyoto expuseram três tipos de madeira ao ambiente hostil do espaço, próximo à ISS, por um período de 10 meses, descobrindo que que o material não foi afetado pelos raios cósmicos ou partículas solares.
A madeira não rachou, descascou, empenou ou sofreu qualquer dano superficial após ficar em órbita da Terra por quase um ano, com a madeira de magnólia se mostrando a mais durável; a magnólia é uma madeira nobre, que no Japão é utilizada para diversos fins, inclusive para a confecção das bainhas das espadas dos samurais.
O satélite tem a forma de um cubo, com cerca de 10 centímetros de lado e pesa aproximadamente um quilo. Não é totalmente feito de madeira – esse material substitui as partes que normalmente seriam construídas com alumínio. O LignoSat ficará em órbita da Terra, com seus instrumentos de bordo verificando como a madeira se comporta no ambiente espacial.
O uso de madeira em satélites foi proposto pela primeira vez há cerca de quatro anos, como uma forma de criar uma espaçonave de baixo custo que não aumentasse o crescente problema do lixo espacial. Diferentemente dos satélites tradicionais, aqueles feitos com madeira queimarão completamente ao reentrarem na atmosfera da Terra.
Fragmentos de satélites construídos com metal podem cair sobre áreas habitadas ou liberarem partículas de alumínio nocivas à saúde quando não se queimam totalmente ao entrarem na atmosfera. Outra vantagem é que a madeira não bloqueia ondas eletromagnéticas; permitindo que suas antenas fiquem dentro de seu corpo, ao invés de ficarem do lado de fora.
Os pesquisadores da Universidade de Kyoto também acreditam que a madeira pode ser usada para construir outras estruturas no espaço, inclusive para abrigar humanos na Lua e Marte.
É uma notícia animadora para aqueles que se preocupam com o meio ambiente e se interessam pela exploração do espaço.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].