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Dublin veta novo data center do Google

em Tecnologia
terça-feira, 03 de setembro de 2024

As autoridades de Dublin, preocupadas com o aumento do consumo de energia, não permitiram que o Google instalasse ali mais um data center. Seria a terceira unidade desse tipo que a empresa operaria na área.

Vivaldo José Breternitz (*)

Como muitas outras empresas de tecnologia, o Google tem sua sede europeia na capital irlandesa e atualmente emprega cerca de 5.000 pessoas no país, tendo em junho passado anunciado os planos para esse novo data center, que teria cerca de 72 mil metros quadrados, adjacente aos outros dois, com entrada em operação prevista para 2027.

Solicitar autorização para operar data centers na Irlanda é atualmente um exercício de otimismo, visto que a operadora estatal EirGrid já há alguns anos vem dizendo que não há como atender a demanda dessas instalações por energia elétrica. No entanto, estranhamente, em setembro a Amazon recebeu permissão para instalar não um, mas três novos data centers, visando dobrar sua capacidade instalada na região – a permissão vem sendo fortemente contestada por ambientalistas.

Em julho, o Silicon Republic, um site irlandês especializado em notícias sobre ciência e tecnologia, relatou que os data centers consomem 21% da eletricidade do país — esse número era 5% em 2015. O site disse também que em 2026 essas instalações consumirão um terço de toda energia gerada na Irlanda, o que tem levado líderes políticos e ambientalistas a questionarem se a existência de mais data centers é compatível com os interesses do país.

Outros números sobre o assunto são preocupantes: o Google, que havia fixado a meta de alcançar emissões líquidas zero até 2030, viu sua geração de gases de efeito estufa aumentar 48% nos últimos cinco anos, especialmente em função da crescente demanda de energia para processamento de aplicações de inteligência artificial.

Já a International Energy Agency estima que o uso de energia por data centers, especialmente em função do processamento de aplicações ligadas à inteligência artificial, deve chegar em 2026 ao dobro do que era em 2022, atingindo 1.000 TWh – mais que duas vezes o consumo total de energia da França em 2023, que foi de 438 TWh.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].