Giordania Tavares (*)
De acordo com o relatório “Investimentos Sistema Alimentar Report Brasil 2023”, elaborado pela Outcast Capital, o Brasil desperdiça mais de 41 mil toneladas de alimento por ano, valor que corresponde a aproximadamente 30% da produção agrícola de todo o país.
Ao mesmo passo, a pesquisa “O Alimento que Jogamos Fora”, realizada pela MindMiners, revela que 80% de todo o desperdício de alimentos no Brasil está entre manuseio, transporte e centrais de abastecimento.
Neste cenário e, diante do fato de que, segundo o IBGE, 8,6 milhões de brasileiros enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave, diminuir significativamente o desperdício de alimentos é uma necessidade urgente e que tem solução ao nosso alcance. Atualmente, os recursos vão desde a implementação de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos até ferramentas tecnológicas que podem auxiliar na preservação dos mesmos.
No que diz respeito à redução de diversos gastos indevidos, a planta industrial de uma usina de alimentos deve ser cuidadosamente desenvolvida, isso porque, de acordo com o Sebrae, um layout inadequado pode aumentar em até 30% o tempo de produção de uma fábrica.
Diante de tal dado, o primeiro ponto importante a se pensar no aspecto logístico da indústria alimentícia é a utilização de equipamentos que ajudem a manter o ambiente isolado e controlado para maior segurança dos produtos e melhor desempenho da operação e do fluxo de trabalho direcionado.
Para além da produção de alimentos, a armazenagem logística, uma das principais etapas da cadeia de suprimentos, deve assegurar a conservação da qualidade dos insumos até que os mesmos sejam despachados para os clientes e, para isso, é crucial que haja cuidados maiores do que separar os produtos por pesos, ordem alfabética ou data de validade.
Neste quesito, uma ferramenta que pode auxiliar o bom desempenho da armazenagem logística é a instalação de portas rápidas internas que viabilizam a mitigação de problemas como a entrada e o alojamento de insetos, roedores, pragas, sujeiras e outros agentes contaminantes nas instalações do ambiente fabril.
Outro fator que favorece a perda e, por consequência, o desperdício de alimentos, é a grande exposição ao calor, uma vez que a elevação da temperatura favorece a contaminação das comidas por fungos e bactérias.
Para esse tipo de situação, é recomendado o isolamento térmico do ambiente que evita a variação climática, bem como o uso de embalagens que possuem material isolante, equipamentos de resfriamento ou portas industriais que vedam o ambiente e impedem a entrada de calor, isto é, soluções que permitem a preservação dos produtos e garantem a conservação destes com boa qualidade.
Em suma, a diminuição do desperdício de alimentos é um obstáculo que o Brasil, que já possui recursos tecnológicos voltados para o setor tão bons ou melhores que os internacionais, tem capacidade para solucionar.
Basta o interesse, a predisposição e o conhecimento da importância do investimento e da implementação de tecnologias e inovações que otimizam os processos logísticos no decorrer do percurso dos alimentos até as mesas brasileiras.
(*) – Graduada em administração pela UNICID, com especialização pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, é CEO da Rayflex (https://www.rayflex.com.br/).