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Construir data centers no espaço pode ser uma boa ideia

em Tecnologia
segunda-feira, 01 de julho de 2024

Data centers cada vez mais poderosos são necessários para armazenar e processar os dados utilizados pelas aplicações de inteligência artificial.

Vivaldo José Breternitz (*)

Esses data centers consomem cada vez mais energia elétrica, cuja produção e distribuição já são vistas como os principais problemas a serem enfrentados para o uso efetivo de inteligência artificial.

Pensando em encontrar solução para esse problema, a União Europeia financiou estudos coordenados pelas empresas Thales e Leonardo, que atuam especialmente nas áreas aeroespacial e de defesa. Esses estudos, que duraram 16 meses e custaram $ 2 milhões, concluíram que data centers no espaço são técnica, econômica e ambientalmente viáveis. Participaram do estudo outras empresas, como a Airbus e a ArianeGroup, além da Agência Espacial Alemã.

A ideia inicial é construir treze data centers no espaço, que orbitariam a Terra a uma altitude de cerca de 1.400 km – a título de comparação, a Estação Espacial Internacional orbita a um terço dessa altura. Esses data centers seriam compostos por estruturas modulares, montadas no espaço com o uso de tecnologias robóticas.

Ao contrário de suas contrapartes terrestres, os data centers no espaço poderiam ser alimentados por energia solar 24 horas por dia, 7 dias por semana. Eles também não precisariam de água para resfriamento, pois o espaço é muito frio – o resfriamento é responsável por 40% do consumo de energia dos atuais data centers.

No entanto, os estudos também concluíram que, para que os data centers espaciais fizessem sentido do ponto de vista ambiental, seria necessário desenvolver um novo tipo de foguete lançador que produzisse 10 vezes menos emissões que os ora disponíveis.

A ArianeGroup está trabalhando em um lançador que atenderia a essa necessidade, com disponibilidade prevista para 2035, mas não custa lembrar que a empresa vem desenvolvendo também o foguete Ariane 6 para lançar os satélites da União Europeia, com previsão inicial de entrada em operação em 2020, mas que sucessivos adiamentos levaram essa data para 2026.

Dados esses prazos, fica claro que os data center espaciais podem ser uma boa ideia, mas que sua efetiva construção ainda deve demorar muito tempo.

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].