Em um mundo competitivo e voltado para o sucesso, surge um fenômeno que está alterando significativamente o panorama do desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes: o overparenting. O excesso de proteção dos pais ou responsáveis, que busca evitar a experiência do fracasso a todo custo, tem levado a uma preocupante falta de resiliência e habilidades essenciais para lidar com adversidades na vida adulta.
Recentes estudos conduzidos pela Queensland University of Technology apontam que pais engajados nesse tipo de superpaternidade tendem a aceitar a versão de seus filhos como verdade absoluta, independentemente dos fatos, e estão inclinados a acreditar neles, mesmo diante de contradições evidentes, negando a possibilidade de que tenham cometido erros ou falhado.
Um bom exemplo de situações assim, são as reprovações escolares, tão traumáticas para os estudantes e a família. É preciso que os pais estejam atentos para a situação, estejam ao lado dos filhos, mas procurem entender os reais motivos para essa reprovação, e não fiquem pensando, apenas, que o jovem é vítima da perseguição de professores, como acontece em muitos casos.
Diante de situações como essa, os responsáveis devem orientar e conscientizar o adolescente para a importância de uma dedicação maior aos estudos, concentração. E mais que isso, é preciso que os pais expliquem aos filhos, que frustrações, tropeços e erros farão parte da vida deles. O overparenting tem gerado consequências drásticas nas esferas escolares e sociais, levando crianças e adolescentes ao esgotamento mental e emocional.
Uma obsessão pelo futuro de sucesso tem sido cultivada desde tenra idade, privando-os da vivência essencial de uma infância e adolescência equilibradas. Carolina Delboni, renomada pedagoga, educadora e pesquisadora especializada no comportamento adolescente, destaca: “A busca incessante pelo sucesso tem sugado a possibilidade de uma infância e adolescência saudáveis. Vivemos em uma era onde as crianças não são mais autorizadas a enfrentar seus próprios fracassos, um comportamento que pode acarretar graves problemas no futuro”.
Os desafios emergentes desta realidade têm despertado a atenção de especialistas em comportamento adolescente e educação. Profissionais como Carolina Delboni, reconhecida por suas pesquisas e estudos sobre o desenvolvimento infantil, têm alertado sobre os riscos desse padrão parental excessivamente protetor. A saúde mental e emocional dos jovens está em risco, conforme salienta a especialista, pois a falta de habilidades para lidar com frustrações pode gerar dificuldades no trabalho em equipe e ansiedade na vida adulta.
É crucial compreender que todo sucesso está permeado por uma jornada de erros e fracassos. Permitir que crianças e adolescentes vivenciem essas experiências desde cedo é fundamental para seu crescimento saudável. Carolina enfatiza que os pais desempenham um papel vital ao permitir que seus filhos enfrentem desafios de maneira positiva, promovendo a aprendizagem através das próprias experiências.
O overparenting está afetando o potencial de muitas crianças e adolescentes, minando sua resiliência e habilidades essenciais para enfrentar desafios. Ao reconhecer e corrigir esse padrão, estamos pavimentando o caminho para um futuro mais promissor.