Minas terrestres são artefatos explosivos projetados para destruir alvos inimigos. São enterradas e explodem quando uma pessoa ou veículo passa sobre ou perto delas.
Vivaldo José Breternitz (*)
Tipicamente são utilizadas com a finalidade de evitar ou dificultar o avanço de soldados a pé e veículos no campo de batalha.
São armas muito baratas; por essa razão frequentemente são espalhadas em grandes quantidades. Em tese, deveriam ser elaborados mapas mostrando sua localização, para que pudessem ser retiradas quando deixassem de ser necessárias.
Mas, muito frequentemente esses mapas não existem ou se perdem, o que faz com que muito tempo depois de encerrados os conflitos que geraram sua utilização, continuem fazendo vítimas entre a população civil.
Um exemplo trágico é o de Angola, onde durante 27 anos de guerra civil, que terminou em 2002, foram lançadas grandes quantidades de minas, das quais milhões ainda estão enterradas e ativas – recentemente uma criança de seis anos foi morta e outras seis feridas pela explosão de uma delas. Em 2014, 88 mil angolanos viviam com mutilações causadas por minas.
Visando ajudar a eliminar essa ameaça, pesquisadores da Universidade de Columbia estão desenvolvendo um sistema baseado no uso de aprendizado de máquinas e drones para tornar a identificação de minas terrestres mais segura e rápida do que com os métodos tradicionais.
Drones sobrevoarão uma área onde se acredita que existam minas, coletando um grande volume de imagens. Um algoritmo, treinado nas características visuais de 70 tipos de minas analisará essas imagens e gerará um mapa mostrando os locais onde provavelmente existem essas armas, com precisão de frações de polegada, tornando mais fácil e segura sua inativação. A tecnologia pode reconhecer e mapear minas com mais rapidez e precisão do que um ser humano; o sistema tem uma taxa de detecção de cerca de 90%.
É um grande avanço, pois a tecnologia de desminagem, que compreende a detecção e retirada das minas não avançou muito desde a Segunda Guerra Mundial. A maior parte desse trabalho é feita manualmente, com pessoas examinando o solo centímetro por centímetro, usando detectores de metal portáteis.
Os pesquisadores esperam que a nova tecnologia possa acelerar o processo em lugares como a Ucrânia, onde, segundo estimativas, cerca de 180 mil quilômetros quadrados podem ter minas enterradas por russos e ucranianos.
As forças armadas brasileiras têm uma longa tradição de participação em desminagem: desde 1995, nosso país investiu cerca de US$ 51 milhões em operações em Angola, Nicarágua, Honduras, Guatemala, Costa Rica, Suriname, Equador, Peru e Colômbia, tendo enviado quase 300 especialistas do Exército e da Marinha para esses países.
Esse é um trabalho de que devemos nos orgulhar e divulgar.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.