Há alguns dias escrevemos acerca das preocupações da NASA ao planejar o processo de desmantelamento da Estação Espacial Internacional, a ISS.
Vivaldo José Breternitz (*)
A maior dessas preocupações é impedir que partes da Estação permaneçam em órbita da Terra, onde já existem restos de diversos engenhos, totalizando cerca de 34 mil objetos com mais de dez centímetros, pesando cerca de dez mil toneladas, que se constituem em ameaças a naves tripuladas, satélites de comunicações, meteorológicos e outros.
Agora, a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (Federal Communications Commission – FCC) emitiu sua primeira multa a uma empresa que violou sua regra que regula a disposição de detritos espaciais.
A Dish Network, uma fornecedora de serviços de transmissão via satélite que oferece TV por assinatura a residências e empresas nos Estados Unidos e México, deverá pagar US$ 150 mil por não ter retirado de órbita seu satélite EchoStar-7, que está no espaço há mais de duas décadas e deixou de operar.
Em 2002, a Dish lançou o satélite em órbita geoestacionária, a cerca de 36 mil km de altitude. Em 2012 aderiu a um plano para a eliminação de detritos espaciais que previa que ao final da vida útil do EchoStar-7 este seria enviado para uma órbita cerca de 300 km mais alta, onde não seria um risco para outros satélites ativos.
Mas em 2022, a Dish percebeu que o satélite não tinha combustível suficiente para chegar à órbita definida, subindo apenas cerca de 122 km, atingindo uma altitude insuficiente para eliminar riscos de colisão com outros engenhos.
Os detritos espaciais, definidos pela FCC como objetos artificiais que orbitam a Terra e que não estão mais em funcionamento, têm sido uma preocupação crescente para a Comissão, pois quanto mais material antigo permanece em órbita, mais difícil será para os novos satélites cumprirem suas missões, lembrando que esses detritos estão sempre em movimento, a velocidades de milhares de km por hora.
Em 2022, a FCC adotou uma regra que exige que os operadores eliminem os satélites que saírem de operação no prazo de cinco anos após a conclusão de suas missões.
É preciso ver como a FCC vai tratar os poluidores baseados em outros países, especialmente China e Rússia…
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.