Profissional de UX destaca a importância de tornar o comércio eletrônico acessível a todos e promover discussões sobre a superação das barreiras de acessibilidade
Nos últimos anos, a composição demográfica global passou por mudanças significativas, e as estatísticas preveem um aumento substancial na população idosa nas próximas décadas. A população idosa mundial deverá mais do que dobrar, chegando a mais de 1,5 bilhão de pessoas em 2050. No Brasil, os idosos já representam 14,3% da população, e até 2030, espera-se que o número de idosos supere o de crianças e adolescentes de zero a quatorze anos.
“Com a população idosa em crescimento no mundo e no Brasil, torna-se essencial discutir como o comércio eletrônico pode atender melhor às necessidades desse grupo”, afirma Carla Bueno, UX Lead na Adaga, marca do Grupo JBQ.Global, especializada em UX e UI.
Como promover a acessibilidade digital
Um dos principais desafios que se apresenta é a acessibilidade digital. Menos de 1% dos sites brasileiros são acessíveis, e uma pesquisa recente revelou que apenas 0,46% dos sites eram considerados acessíveis em 2022, representando um retrocesso em relação ao ano anterior. A situação é ainda mais crítica quando se trata de sites de e-commerce, onde apenas 0,06% passaram nos testes de acessibilidade. Isso exclui uma parcela significativa da população do acesso a produtos e serviços online.
Bueno explica que para superar esses desafios é preciso implementar mudanças substanciais na construção dos sites de e-commerce, adotando ações efetivas que promovam a inclusão digital. “É importante compreender as diretrizes de acessibilidade, como as estabelecidas pelas Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web (WCAG), que fornecem boas práticas para tornar o conteúdo da web mais acessível para pessoas com deficiência”, diz.
Desafios técnicos e soluções
De acordo com Bueno, um dos principais desafios técnicos é a identificação e correção de problemas de acessibilidade. “Para que seja feita uma validação em um produto digital é necessário um trabalho conjunto, que inclui validação automatizada (que, por si só, realiza uma análise superficial) e validação manual realizada por um profissional especializado”, explica.
Além disso, aspectos como o uso adequado de cores e a inclusão de texto alternativo para imagens são essenciais para tornar as informações acessíveis. “A revisão do código também é fundamental, especialmente para atender às necessidades de pessoas com deficiência”, complementa.
Design inclusivo
Bueno também ressalta que o design inclusivo desempenha um papel crucial na melhoria da acessibilidade digital. “Considerar a diversidade humana, incluindo habilidades, linguagem, cultura, gênero, idade e outras diferenças, permite criar soluções específicas para diferentes grupos de usuários”, pondera.
Para a profissional, a acessibilidade digital no e-commerce não é apenas uma obrigação ética, mas também uma estratégia de negócios inteligente. “Investir na acessibilidade digital não se trata apenas de expandir o alcance do negócio. O objetivo principal deve ser proporcionar uma experiência inclusiva para todos os usuários”, conclui.