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Casos de diabetes aumentam muito

em Tecnologia
terça-feira, 15 de agosto de 2023

Segundo os periódicos The Lancet e The Lancet Diabetes & Endocrinology, o número de adultos vivendo com diabetes em todo o mundo mais que dobrará até 2050, passando de 529 milhões em 2021 para mais de 1,3 bilhão.

Vivaldo José Breternitz (*)

Não se espera redução de casos em nenhum país, devendo o aumento ser creditado aos níveis crescentes de obesidade e a outras desigualdades na área de saúde.

Segundo a Dra. Shivani Agarwal, do Montefiore Health System e do Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, os dados são alarmantes: “o diabetes continua sendo uma das maiores ameaças à saúde pública de nosso tempo e deve crescer muito nas próximas três décadas em todos os países, faixas etárias e sexos, representando um desafio sério para os sistemas de saúde”.

A ONU acredita que até 2050 a população mundial será de aproximadamente 9,8 bilhões – isso sugere que até lá, quase uma em cada oito pessoas, viverá com diabetes.

Ainda segundo o The Lancet, o diabetes tipo 2, que compõe a maior parte dos casos de diabetes, é em grande parte prevenível e, em alguns casos, potencialmente reversível se identificado e tratado precocemente, mas o número de casos aumenta em função do aumento da obesidade causada por múltiplos fatores.

Agravando o problema, pobres têm menos acesso a medicamentos essenciais, como insulina, e apresentam pior controle de açúcar no sangue, menor qualidade e expectativa de vida reduzidas. Durante a pandemia esse quadro piorou, pois as pessoas com diabetes tinham o dobro de chances de desenvolver infecção grave por Covid-19 e de morrer, em comparação com aquelas sem diabetes.

Os impactos negativos da falta de conscientização e políticas públicas, baixo desenvolvimento econômico, pouco acesso a cuidados médicos de qualidade, inovações no tratamento e normas socioculturais, são amplamente sentidos por populações marginalizadas, diz o Lancet, acrescentando que as condições estruturais nos locais onde essas pessoas vivem e trabalham têm efeitos negativos de longo alcance e transgeracionais nos resultados do diabetes em todo o mundo.

The Lancet ouviu também a Dra. Alisha Wade, professora da University of the Witwatersrand, na África do Sul, que afirmou: “é vital que o impacto dos fatores sociais e econômicos no crescimento do diabetes seja reconhecido, compreendido e incorporado aos esforços para conter a crise global da doença”.

No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa cerca de 7% de nossa população – também aqui o problema é sério e, ao que parece, tende a se agravar.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.