Lendo um LinkedIn Notícias nesta semana, me deparei com uma matéria escrita por Letícia Toledo, que de maneira fluida, objetiva e estruturada, coloca luz num movimento que se repete há séculos, ou milênios, desde as feiras livres pós escambo do mercado convencional, até a grande arena do mercado digital contemporâneo onde a tecnologia permeia o consumo.
Usou como destaque o mercado de aplicativos de comida, mas poderia trazer muitos outros.
Na matéria, cuja leitura recomendo, a jornalista entrevista Guilherme Parente, cofundador da Apptite, que encerrou suas operações em julho de 2022, em virtude da acirrada concorrência com estruturas maiores e com mais recursos financeiros, como o iFood.
É um movimento que estamos presenciando em tempo real, mas não é nada novo. A mudança dos hábitos de consumo, poder de compra e modelo de negócio já derrubaram uma infinidade de empresas muito bem fundamentadas em seu início. Também presenciamos agora o mesmo acontecendo no varejo (caso Americanas) mas isso já aconteceu com o Mappin, a Mesbla e até com o Baú do Silvio Santos.
Podemos expandir estes exemplos para as companhias aéreas, com o desaparecimento da Varig, uma das maiores do mundo; para o mercado de tecnologia, com Olivetti (mecânica), Kodak (química) e Blackberry (eletrônica) entre muitos outros.
O fato é que a boa velha lei da oferta e da procura é infalível! Dela saem análises de elasticidade de demanda, de custo de relacionamento com cliente, de busca por eficiência operacional para redução de custos, de movimentos arrojados para gastar mais agora buscando garantir a sobrevivência no mercado ou, enfraquecer seu concorrente ao longo do tempo para que sem recursos, deixe de operar.
E saber ler o mercado e mover-se na velocidade e direção certas é desafiador!
O mercado digital traz muito mais dinamismo, um pouco mais de glamour, associados a métricas instantâneas que subsidiam decisões que impactam no longo prazo. Mistura perigosa.
Empreender já foi demonizado, romantizado, incentivado entre outros muitos movimentos.
O mercado de startups sempre teve uma taxa de mortalidade muito maior que a da economia convencional. Ele seduz pelos grandes números, pelo mercado “infinito” mas traz junto uma concorrência globalizada e predatória, onde ganha quem tem mais fôlego financeiro, não necessariamente que tem a melhor solução ou o propósito mais nobre.
Entendo que quanto mais mergulhamos no ambiente competitivo tecnológico, mais nos afastamos da essência do consumo: relacionamento, acolhimento e bons produtos e serviços, tudo que no final resume-se a gente com gente.
Algoritmo versus humanritmo ou algo assim rs
Gatilhos mentais, compras por impulso, funis de vendas aceleradas…
Me parece que a “geração do ser” caiu na “armadilha virtual do ter”.
(*) É Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.