Ninguém faz negócios sozinho. É preciso um conjunto de pessoas e instituições para formar um mercado recorrente, com empresas de serviços, manufaturas, clientes, fornecedores, agentes de fomento etc. São as partes interessadas de qualquer organização.
Mapear e monitorar os stakeholders é fundamental para a sustentação da empresa e para a mitigação de riscos. Para o Compliance, há quatro agentes especiais que devem ser monitorados com mais atenção: clientes, parceiros de negócios, colaboradores e fornecedores.
Para cada um deles existe um conjunto de boas práticas, que sempre começam com a expressão “know your…”. São os 4 Ks do Compliance, que ajudam a empresa a minimizar riscos causados por terceiros, que podem comprometer a reputação e as finanças, prejudicando seriamente a continuidade dos negócios.
O primeiro é o Know Your Client (KYC), que visa garantir que a empresa conheça seus clientes o suficiente para avaliar os riscos de tê-los, como lavagem de dinheiro, fraudes ou corrupção. Isso é importante em operações que movimentam uma grande quantia de dinheiro, que se sustentam em garantias e para pessoas politicamente expostas (PPEs – vimos uma coluna sobre elas aqui).
Outro “K” é o Know Your Partner (KYP), que foca nos parceiros de negócios. São pessoas e outras empresas que entram em sociedades, que devem atender os padrões de conformidade estabelecidos pela companhia e por órgãos de regulamentação.
As boas práticas de KYP indicam a realização do due diligence, com verificação de antecedentes cíveis, criminais e financeiros, bem como se a empresa em questão tem pendências judiciais. Se uma sociedade tiver de ser feita, que haja um estudo prévio sobre a outra parte, afinal, sua empresa pode ser responsabilizada caso a outra cometa alguma irregularidade.
Os funcionários têm um papel fundamental no Compliance. É importante garantir que eles sejam pessoas éticas e trabalhem de acordo com as diretrizes internas. Por isso há o Know Your Employee (KYE), processo de verificar identidade, antecedentes criminais, pendências com outros empregadores, histórico de crédito e qualificações dos futuros funcionários.
Finalmente, é importante garantir que os fornecedores trabalhem de forma ética e com governança. Afinal, um problema na cadeia de suprimentos pode causar enormes estragos para uma empresa, como imagem arranhada (ou completamente destruída), falta de abastecimento de matérias-primas e responsabilidades criminais por crimes de terceiros, como a utilização de trabalho análogo à escravidão. Para esse fim, há o Know Your Supplier (KYS), que ajuda a mensurar o risco de contar com um fornecedor em sua cadeia produtiva.
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Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.