Eduarda Tolentino (*)
A procura pelos serviços de facilities só aumenta. O mercado já é responsável pela movimentação de cerca de US$ 1,15 trilhão em todo o mundo. No Brasil, esse número é de aproximadamente R$ 100 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Facility Management, Property e Workplace (Abrafac).
Facilities, ao pé da letra, é facilidade, destreza, habilidade. O termo, que nasceu nos Estados Unidos em 1960, do inglês facilities management, pode se associar a serviços criados para atender a determinado propósito ou recursos para facilitar um processo, melhorando e otimizando tudo a sua volta. Na prática, trata-se de uma empresa que contrata outra para gerenciar e prestar serviços de infraestrutura em uma área privativa.
Resultado? Sucesso em termos de eficiência na operação e possível redução de custos para a companhia contratante, que ainda terá mais tempo para se dedicar a outras áreas de seu interesse e da sua especialidade.
Mas o que o ramo imobiliário tem a ver com isso? Tudo! A tecnologia, por exemplo, integrada a diferentes áreas de atuação, já provou e reiterou a praticidade proporcionada ao dia a dia de pessoas e negócios. Não é à toa que tem ganhado cada vez mais espaço em empreendimentos imobiliários, tanto no quesito gestão quanto no aspecto de facilitar a vida do morador.
Nesse sentido, entram em cena as facilidades para que um condomínio, por exemplo, torne-se a extensão da própria casa, com parcerias como banho e tosa, vending machines e até bikes e carros elétricos compartilhados. Ponto positivo para startups que atuam no ramo das proptechs, voltadas a otimizar a negociação e a gestão de imóveis. É o caso da Housi, por exemplo, uma startup de moradia flexível que nasceu em 2019 com o objetivo de criar uma proposta de habitação inédita no Brasil, gerando inovação por meio de serviços que tornam o dia a dia dos moradores muito mais prático e produtivo.
Por meio de um aplicativo de celular, é possível conectar o morador a diversos serviços dentro e fora do condomínio, gerando economia de tempo e de espaço dentro de casa e ainda um estilo de vida muito mais sustentável.
Hoje, facilidades do tipo são requisitos para a geração Z, que já não é mais formada por crianças. São adolescentes e jovens adultos que trabalham, gastam dinheiro, ocupam posições importantes em companhias no país e compram, vendem e alugam imóveis. A forma como esse grupo se relaciona com o mercado imobiliário vem mobilizando incorporadoras, empresas e outros atores do setor.
É que essa geração demonstra preocupação com aspectos sociais, busca menos burocracias nas negociações e ainda leva em consideração o momento econômico. É mais independente e sabe o que quer. Quando vão comprar, já pesquisaram tudo, leram as notas no Reclame Aqui e compararam valores. São, de fato, consumidores que priorizam experiências e processos simplificados. Afinal, trata-se de uma geração conectada, acostumada a plataformas de assinatura de streaming de vídeo e áudio.
Esse movimento de inovação já constata os seus primeiros impactos no mercado imobiliário. Um estudo realizado pela Brain Estratégia com exclusividade para o Estadão Imóveis mostra que 37% dos jovens da geração Z têm, sim, intenção de comprar um imóvel. É o maior resultado entre os grupos analisados, ainda que eles tenham demandas específicas quando estão buscando um lugar para morar.
Fato é que serviços que esbanjam facilities, atrelados cada vez mais à tecnologia, acompanham o movimento global de utilizar a transformação digital para desburocratizar a compra, a venda e a locação de imóveis e favorecer a vida do morador. Portanto, todos os atores desse setor que não se atentarem à atual demanda – sedenta por inovação, praticidade e, obviamente, melhor qualidade de vida dentro e fora de casa – vai ficar para trás.
(*) É sócia e Presidente do Conselho da BRZ Empreendimentos.